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quinta-feira, novembro 06, 2003

elmano sadino

O Bocage viajou de Portugal para a Índia, passando pelo Rio de Janeiro numa atribulada viagem marítima, a bordo de Senhora da Vida, que durou cerca de seis meses onde ouve bom e mau tempo. Bocage preferia a tormenta ao bom tempo, pois era para si muito mais inspiradora, além de estar mais de acordo com a sua permanente nostalgia. Os tons negros e cor de chumbo acirravam o sentimento de ausência da sua amada, que em Portugal o atraiçoava continuadamente.

Já nesses tempos de finais do século XVIII os indianos se revoltavam contra a presença imperialista de Portugal, preparando a rebelião de dentro para fora, pois os maiores instigadores viviam dentro da própria corte. Dois sacerdotes goeses tudo preparavam para liquidar a presença de Portugal nessas terras do longe.

Bocage esteve por certo envolvido, não se sabendo ao certo como e até onde. Bocage estava perto do Padre José Custódio que quando se malogrou a conjura fugiu para França, onde foi o Padre Faria de O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. Bocage vivia na área da vagabundagem.

Mas tinha sempre a sua amada no pensamento:

Da pérfida Gertrúria o juramento
Parece-me que estou ainda escutando,
E que ainda ao som da sua voz suave, e brando
Encolhe as asas, de encantado, o vento;

No vasto, infatigável pensamento
Os mimos da perjura estou notando...
Eis Amor, eis as Graças, festejando
Dos ternos votos o feliz momento.

Mas ah! Da minha rápida alegria
Para que ascendes mais as vivas cores,
Lisonjeiro pincel da fantasia?

Basta, cega paixão, loucos amores!!
Esqueçam-se os prazeres de algum dia,
Tão belos, tão duráveis como as flores.


Bocage o eterno vagabundo... vagabundo dos amores traídos.

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