Partilhar
sábado, novembro 15, 2003

fragmentos para a história da minha terra

O Cruzeiro de Vale de Rosal

No Vale Rosal um singelo cruzeiro de 1659 assinala o local onde o Beato Inácio de Azevedo preparou para o martírio, ocorrido nas mãos de calvinistas franceses em 1570 e 1571, os seus 61 companheiros jesuítas, quase todos jovens, destinados a evangelizar o Brasil, e dos quais 39 já se encontram beatificados.



A igreja elevou à honra dos altares quarenta religiosos da Companhia de Jesus (trinta e dois portugueses e os oito restantes espanhóis) que fizeram um longo retiro na Quinta do Vale de Rosal, em Caparica, e que, em 15 de Junho de 1570, quando seguiam viagem para as missões no Brasil, foram assaltados e massacrados no mar alto, próximo das Ilhas Canárias, pelos corsários calvinistas. Desde então, e por algum tempo, a propriedade do Vale de Rosal mudou o nome para Quinta dos Quarenta Mártires, erigindo-se ali um cruzeiro com uma inscrição gravada na base, em memória desses servos de Deus.

Os nossos compatriotas eram os que vão na relação que segue:
Beato Inácio de Azevedo, presbítero, nascido no Porto, em 1527.
Beato Aleixo Delgado, noviço natural de Elvas.
Beato Álvaro Mendes, estudante, natural de Elvas.
Beato Amaro Vaz, irmão-coadjutor, natural do Porto.
Beato André Gonçalves, estudante, natural de Viana do Alentejo.
Beato António Correia, noviço, natural do Porto.
Beato António Fernandes, irmão-coadjutor, natural de Montemor-o-Novo.
Beato António Soares, estudante, natural de Trancoso.
Beato Bento de Castro, estudante, natural de Chacim.
Beato Brás Ribeiro, irmão-coadjutor, natural de Braga.
Beato Diogo de Andrade, presbítero, natural de Pedrógão.
Beato Diogo Pires, noviço, natural de Nisa.(a)
Beato Domingos Fernandes, irmão-coadjutor, natural de Borba.
Beato Francisco Álvares, irmão-coadjutor, natural da Covilhã.
Beato Francisco de Magalhães, estudante, natural de Alcácer do Sal.
Beato Gaspar Álvares, irmão-coadjutor, natural do Porto.
Beato Gonçalo Henriques, noviço, natural do Porto.
Beato João Adauto, estudante, natural do Minho.
Beato João Fernandes, irmão-coadjutor, natural de Braga.
Beato João Fernandes, estudante, natural de Lisboa.
Beato Luís Correia, estudante, natural de Évora.
Beato Luís Rodrigues, estudante, natural de Évora.
Beato Manuel Álvares, irmão-coadjutor, natural de Estremoz.
Beato Manuel Fernandes, estudante, natural de Celorico da Beira.
Beato Manuel Pacheco, estudante, natural de Ceuta.
Beato Manuel Rodrigues, estudante, natural de Alcochete.
Beato Marcos Caldeira, noviço, natural de Vila da Feira.
Beato Nicolau Diniz, noviço, natural de Bragança.
Beato Pedro Fontoura, irmão-coadjutor, natural de Braga.
Beato Pedro Nunes, estudante, natural de Fronteira.
Beato Simão da Costa, irmão-coadjutor, natural do Porto.
Beato Simão Lopes, estudante, natural de Ourém.

Eis agora os nomes dos de nacionalidade espanhola:

Beato Álvaro Baena, irmão-coadjutor, natural de Villatobos.
Beato Estêvão Zurara, irmão-coadjutor, natural de Biscaia.
Beato Fernão Sanches, estudante, natural de Castela a Velha.
Beato Francisco Perez Godoy, estudante, natural de Torrijos.
Beato Gregório Escribano, irmão-coadjutor, natural de Logronho.
Beato João Mayorca, irmão-coadjutor, natural de S. Jean P. Port.
Beato João de S. Martin, estudante, natural de Yuncos.
Beato João de Safra, irmão-coadjutor, natural de Jerez de Bad.



(a) O Beato Diogo Pires era conterrâneo do saudoso prior Padre Baltasar Dinis de Carvalho, de quem, a propósito, transcrevemos o trecho de uma carta sobre o assunto escrita em 25 de Junho de 1939, em que diz:

"...no Vale de Rosal, d'esta Freguesia, entre os companheiros do Beato Inácio de Azevedo, esteve por bastante tempo um respeitável filho da minha terra natal, Nisa, e que se chamou Diogo Pires, martirizado com 39 companheiros. Soube-o à minha entrada em Caparica e fui logo nos primeiros dias em romagem piedosa a Vale de Rosal, onde viveu o meu santo conterrâneo, local que em 1910 uns desvairados reduziram a um montão de ruínas, esquecidos de tantas benemerências que ali se praticaram. Fui e ajoelhei naqueles escombros (hoje reparados) com o maior respeito e piedade, e pedi à alma do Mártir a sua intercessão valiosa junto de Deus pela sua e minha terra natal e por esta de Caparica a que me acolhi como seu humilde e indigno pastor. Mais um laço de afecto a prender-me a Caparica que tanto desejo ver próspera, respeitada e digna...".

cf. Caparica Através Dos Séculos, Conde dos Arcos, 1972, págs. 137, 138 e 139

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?