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terça-feira, novembro 04, 2003

um debate interessante

Um texto em que recordava os tempos do “Pão por Deus”, no dia de Todos-os-Santos, gerou uma interessante troca de comentários que trouxe para o debate a eterna problemática da tradição em confronto com o progresso.

É evidente que nos tempos que passam, uma cultura urbana cada vez mais intensa, não se coaduna com tradições de cariz rural, mesmo urbano, mas em localidades de verdadeira vizinhança, em que todos conheciam todos.

No entanto, é gratificante verificar a magia que a tradição ainda tem sobre as pessoas, mesmos os mais novos, em contraponto com o desinteresse que a normalização e a globalização traz à vivência das gentes, onde as vantagens simplesmente se situam na possibilidade de acompanhar minimamente o turbilhão actual da actividade humana, altamente competitiva e concorrencial.

O atento Left, do A Toca do Coelho, colocou o problema na componente política e social, afirmando:
Os radicais chamariam a este fenómeno a uniformização cultural provocada pela globalização económica...

E quando o JM, do Rain Song, questiona:
...o que é que a radicalização de opiniões a favor ou contra a globalização, tem a ver com a perca de identidade.. ou a cultura também deve ser uniformizada... será que as cabeças a pensar igual geram igual dinheiro.. não me parece.

O Left aprofunda o seu pensamento:
Radical é a própria globalização, na medida em que avança com a subtileza de um buldozer formatando tudo à sua passagem. É mais fácil vender coca-colas numa cultura "mcdonaldizada" do que numa cultura de sopa e cozido à portuguesa. Quando o mundo for todo constituído por americanos tranquilos, estará concretizada a globalização. A diversidade cultural é um obstáculo à expansão da economia.

E questiona, por seu turno:
Quando o primeiro McDonalds abriu em Moscovo, isso foi um sinal de democratização ou de conquista imperial?

O António Dias responde à questão levantada pelo Left afirmando
Nem uma coisa nem outra. Foi um claro sinal de que "a moda" está onde a permitem estar.
Nunca ninguém explicou por que razão a cadeia McDonalds não se tinha virado a Leste. Embora possamos perceber porquê.
Com certeza que uma das coisas que se podem associar à McDonalds não é a conquista imperial mas a conquista para a imperial, "o fino", devidamente acompanhado pela "cola" e pela laranjada.


A Deméter, do Segredos de Deméter, comenta mais pela vertente dos usos e costumes:
Nada contra a globalização como forma de conhecimento de outras culturas... mas particularmente fico doente ao ver os brasileiros darem mais importância ao Dia das Bruxas que às nossas festas juninas, bumba-meu-boi, cavalhadas e outras festas típicas.

Que obtém a concordância de JM e vai ainda colher os comentários relevantes de Elsa, do Rabiscos e Letras:
O consumismo e a globalização geram o esquecimento das coisas simples e da tradição. Afinal a tradição já não é o que era! Mas valerá sempre a pena pedir o pão-por-Deus numa cabeça de abóbora ou num chapéu de bruxinha?! Eu prefiro o saquinho!!! Mas gostos não se discutem e cada um com o seu fuso!
Adoro laranjada


E de Lua Lil, do Entre o Sono e o Sonho:
É sempre mais emocionante para mim ver: caboclos de lança a fazerem suas performances, o caboclinhos a entoar com seus arcos e flechas, a ciranda, o coco de roda, o maracatu, o bumba-meu-boi...
(...)


A Lua Lil conclui com um sabor do Nordeste Brasileiro que melhor pode ser apreciado no seu próprio blog:
Uma abóbora também me diz muito e me emociona..
Porém quando recém saída do forno, recheada com camarão, carne de charque, queijos
espalha seu aroma pelo ar e nos faz encher a boca d´agua!!
Viva as nossas tradições!


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