Partilhar
terça-feira, dezembro 09, 2003

almada, a terra e as gentes

Uma visão, se possível ilustrada, das gentes e do património natural e construído do Concelho de Almada e do seu Termo


Almada Monumental

De origem árabe, o toponímico Almadan significa "a mina", termo que após várias derivações vem no século XVII a adquirir a forma de ALMADA.

Almada foi uma vila árabe conquistada em 1147, aquando da tomada de Lisboa, tendo o seu domínio definitivo apenas sido conseguido em 1195.

Conheceu ao longo dos vários séculos um crescimento contínuo, embora lento, apenas abalado pelos estragos do terramoto de 1755, que causou elevados estragos e deixou destruídas ou em ruínas a grande maioria das construções existentes.

No último quartel do século XIX inicia-se a expansão urbana e a passagem da economia agrícola à economia industrial que vai distinguir a vila e o concelho do restante território.

Quanto ao património construído distinguem-se como locais de interesse:

Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso
Reconstruída em estilo pombalino no século XIX (1856/59), no local onde terá existido a Igreja de Sta. Luzia, é um templo de uma só nave cujas paredes estão parcialmente revestidas de azulejos azuis e brancos com molduras barrocas do século XVIII, relatando a vida da Virgem. Todos os anos daí sai a Procissão de Nossa Senhora do Bom Sucesso, a 1 de Novembro, tradição que remonta a 1755.

Cais do Ginjal
Extensão de toda a margem a sul do Tejo entre Cacilhas e os armazéns situados no extremo do cais junto às escadinhas que dão acesso a Almada pela Boca do Vento. Nos séculos XVII e XVIII aí se estabelecem os grandes armazéns de vinho, azeite e tanoaria. Na segunda metade do século XIX era já um aglomerado industrial com vários armazéns e os estaleiros navais da Hugo Parry (c. 1860), onde se constróem os primeiros navios de ferro e aço para a nossa Marinha de Guerra. A partir da implantação da República e com a desactivação industrial do local, os armazéns passaram a ser utilizados como restaurantes, tornando-se, então, célebres as famosas caldeiradas do Ginjal.

Pátio do Prior
O Pátio do Prior deve o seu nome ao facto de as suas casas terem sido pertença de D. António, Prior do Crato, que as herdara de seu pai, o duque de Beja e donatário de Almada, o qual terá ordenado a sua construção no séculos XVI/XVII. Após a derrota e o exílio do Prior do Crato, as casas foram adquiridas pelos Abranches que nas vésperas da Revolução de 1640 aí terão recebido o duque de Bragança e é possível que aí tivesse sido um dos sítios de conspiração.

Paços do Concelho
Edifício de três pisos que incluía a própria Câmara, a cadeia e o tribunal judicial, inaugurado em 1875, só teve as suas obras concluídas em 1931. Com dupla escadaria de acesso ao primeiro andar, tem uma torre sineira (aproveitada da Igreja de Sta. Maria que resistiu ao terramoto de 1775), cujo relógio foi oferecido pela rainha D. Maria I.

Igreja de Sant'iago
Mandada reedificar por D. António, irmão de D. João V, antiga igreja matriz de Almada, a sua construção data dos primeiros anos da Reconquista Cristã. É uma igreja de uma só nave remodelada em diversas ocasiões, onde os mais antigos vestígios que possui são a capela-mor coberta por uma abóbada de cruzaria de ogivas de estilo manuelino e as paredes laterais que resistiram ao terramoto de 1755. Possui, igualmente, ricos azulejos do século XVIII. Data da segunda metade do século XVIII a fachada neoclássica, onde se encontra um escudo ovalado com a cruz de "Santiago de Espada", a cuja ordem o templo pertenceu.

Castelo de Almada
Situado à beira da arriba, era inatacável pelo lado que dá para o rio Tejo e constituía uma óptima defesa pelo lado de terra. Deve o seu actual aspecto às obras aí efectuadas em 1820. Foi provavelmente edificado sobre sucessivas construções que remontam ao primitivo castelo de origem árabe. Totalmente destruído no século XII (c. 1191), terá sido reconstruído ainda neste século ou princípios do seguinte. Em 1384, foi cercado pelos castelhanos, ataque a que resistiu. Em 1868 é inaugurado, do lado poente, o jardim público e o miradouro.

Judiaria
É actualmente nome de rua, de travessa e de praceta, certamente por alargamento do toponímico que primitivamente não incluiria, na Idade Média, mais que uma pequena morada de casas habitadas por judeus ou cristãos novos. Nestes locais podem ainda distinguir-se algumas casas que, pelas paredes mestras, cantarias e telhados em "tesoura" podem datar do século XVI, embora tendo sofrido vários restauros. Durante os séculos XVII e XVIII, a rua era uma das mais importantes de Almada.

Igreja e Convento de S. Paulo
Não muito longe da Cerca foram fundados em 1562 por Frei Francisco Foreiro, em homenagem a S. Paulo. Com o terramoto de 1775, a Igreja de S. Paulo abateu e ardeu totalmente mas foi reconstruída ainda no século XVIII, conservando elementos construtivos anteriores. O templo barroco de uma só nave, coberto por um tecto de madeira, está parcialmente revestido por painéis de azulejos azuis e brancos do século XVIII.

Palácio António José Gomes
Edifício de estilo neoclássico mandado construir pelo industrial da moagem do Caramujo, António José Gomes, é um exemplo de romantismo e eclectismo da época. Denota influências da arquitectura suíça e é uma casa bem ao gosto da burguesia liberal. De fachada simétrica com um corpo central e dois laterais separados por pilastras, apresenta três tipos de janelas, das quais se destaca o andar nobre realçado por uma varanda a todo o comprimento. São de destacar as estátuas existentes por cima da platibanda com motivos alegóricos referentes à indústria e ao comércio.

Nora de Ferro
Instalada na quinta da família Gomes sobressai uma nora que se julga executada na oficina Eiffel, de grande elegância, exemplo da sumptuosa introdução na sua arquitectura da tecnologia do ferro.

E ainda...

Igreja da Misericórdia
Integrada no edifício do antigo Hospital de Almada, esta igreja gravemente danificada pelo terramoto de 1755, foi construída no século XVI (c. 1555) e ampliada mais tarde. Igreja de uma só nave com tecto em madeira, é forrada a azulejos policromos do século XVII e no transepto encontram-se dois brasões de armas dos Carvalhos e Sousas do Prado e dos Mendonças. Na capela-mor encontra-se um belo retábulo quinhentista que cobre a totalidade da sua parede fundeira.

Fonte da Pipa
Encontra-se à beira-rio, este chafariz monumental de quatro bicas. Foi construído no reinado de D. João V (c. 1736) a expensas de um imposto lançado sobre os açougues, como se pode verificar numa inscrição que contém. Além de ter servido de lavadouro público, pela qualidade da sua água, serviu também para os navios que escalavam a cidade de Lisboa, durante os séculos XVIII e XIX, se abastecerem.

Quinta e Palácio da Cerca
No extremo norte da parte velha da cidade, bem no topo da falésia, a Quinta da Cerca, junto à Rua do mesmo nome, é composta pela casa nobre de habitação de dois pisos, pelo pátio de acesso com portão de ferro e jardins. Datável do século XVII/XVIII é o mais característico exemplar de arquitectura civil da cidade, tendo em 1808, aquando da 1ª invasão francesa, servido de aquartelamento a um regimento francês. É um privilegiado miradouro da cidade de Lisboa. Aí se encontra instalado o Museu de Arte Contemporânea.

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?