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sábado, dezembro 27, 2003

do fundo do baú das memórias

Relembrar algumas das memórias que se encontram bem lá no fundo do baú onde guardamos recordações de situações vividas há muito ou que nos foram contadas pelos mais velhos


O bolo e a laranjada

Sábado à noite, quando a equipa da Académica da Amadora jogava em casa, era uma excitação. Jogo de hóquei em patins, à época no recinto recém-inaugurado no Bairro de Janeiro na zona ocidental da, então, vila da Amadora.

Já muitos anos atrás a prática do hóquei em patins tinha a preferência dos habitantes da Amadora que se dirigiam em festa para um rinque existente nos terrenos adjacentes aos Recreios Desportivos, local de encontro e de convívio das gentes da vila, nos tempos passados dos anos 40 e 50 do Século passado.

Aos sábados em que havia jogo, jantávamos mais cedo e, logo depois, deslocávamo-nos, a família completa, para a periferia da vila, um local já paredes meias com as hortas dos dominicais piqueniques, saudando, aqui e ali, gente conhecida que seguia com o mesmo destino.

Depois era o jogo, sempre antecedido por uma exibição de patinagem artística, executada por esbeltas mulheres, muitas das quais chegaram a obter galardões internacionais.

O jogo era mais animado quando a equipa adversária era uma daquelas onde jogavam os internacionais portugueses, tantas vezes campeões do Mundo. O Hóquei de Sintra com os célebres Cipriano, Edgar e Raio; O Desportivo de Paço de Arcos, com os célebres primos Correia, Correia dos Santos e Jesus Correia (o mesmo dos cinco violinos do futebol sportinguista) e o Emídio Pinto; O campo de Ourique, com o guarda-redes Matos; e tantos outros.

Os da casa: o Álvaro Lopes, o Valadas, o Príncipe, o Pepe ou o Rackar, tudo amadores no melhor sentido da palavra.

Ao fim da noite, jogo terminado, qualquer que fosse o resultado, era a boa disposição do regresso a casa, a romaria no sentido inverso ao que fora no princípio da noite.

A minha alegria era redobrada. Nunca o confessei antes, estou agora aqui a fazê-lo. Bem pertinho de minha casa havia uma leitaria onde, para minha grande alegria, de quinze em quinze dias, no regresso do jogo, o meu pai me comprava um bolo e uma laranjada que durante quinze dias me mantinham a minha expectativa para o próximo jogo.

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