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quarta-feira, dezembro 31, 2003

final de ano

No último dia do Século passado eu escrevia:

Vivi cerca de três quintos do Século que hoje termina. Vivi tempos de silêncios e de medos e tempos de Liberdade e de esperança. O Homem soube criar todas as condições para ser feliz. Deu passos de gigante no desenvolvimento de tecnologias para o servirem, no conhecimento do Mundo que o rodeia, no conhecimento do seu próprio funcionamento intrínseco.

Não deu um único passo para ser, verdadeiramente, feliz.

Não pode ser feliz o abastado e poderoso, cuja abastança e poder são conseguidos à custa de que outros seres humanos sejam cada vez mais pobres e humilhados. Não pode ser feliz o homem que cria cada vez melhores meios de comunicação e onde a incomunicação entre as pessoas é cada vez maior. Não pode ser feliz o homem que desenvolve cada vez mais os métodos para tratamento das doenças e que permite que milhões de seus semelhantes em África sofram atrozmente com a falta dos mais simples medicamentos. Não pode ser feliz o homem que desenvolve a tecnologia para o serviço do bem estar a níveis até há pouco insuspeitados e que permite que milhões de outros homens vivam e morram na maior carência alimentar.

O homem novo para um novo Mundo ainda não existe e ele é a única solução para todos estes problemas. Um Homem Solidário, para a globalização da Solidariedade.


Um ano depois, no final de 2001, comentava assim uma Estória Verdadeira:

Solidariedade Sempre! Na primeira linha, contem comigo, com as minhas modestas forças. Força de quem está fora mas sempre “por dentro” numa problemática que muito já me afectou. Contem comigo.

Mas vamos pensar...

Qual tem sido a nossa contribuição para que as coisas assim não estejam? Pela positiva... Qual tem sido a nossa contribuição para que as coisas mudem? Têm nos tirado muito do que conquistámos com muito ardor e querer... Ainda possuímos a força que o voto nos dá...

A globalização económica, a globalização do lucro... se não estivermos atentos globaliza os quereres e os sentires... mas ela é subscrita na hora da verdade pelo voto que ainda não nos foi retirado... e não estarão a preparar que com o nosso voto deixemos de poder votar?

Primeiro, na luta pelo progresso da nossa carreira... Depois, na luta entre pares... Depois, pactuar com o consumismo que nos empenha... Não estamos a vender a alma ao diabo?

Solidariedade sempre! É urgente lutar pela globalização da solidariedade, contra a globalização económica. Os ácaros morrem quando lhes falta o lixo.


E em 31 de Dezembro de 2002, o que escrevi?

Fiquei imóvel e silencioso a observar tamanha grandeza, toda a energia da ondulação forte que neste último dia do ano bate a longa costa da Praia do Sol. Mar forte, mar macho, como lhe chamam por cá os pescadores, os homens que o conhecem como as próprias palmas das mãos.

O ruído ímpar do mar a enrolar na areia, no amplo areal emoldurado por uma arriba que lhe serve de ressonância, ou ouvido ao longe quando o vento está de feição, parece o trovoar forte das tempestades, aqui, à sua beira, não é mais do que um doce murmúrio.

Que contraste! Entre a fortaleza, violência mesmo, do bater das ondas e o doce murmurar com que o oceano namora as doiradas areias da praia.

E o pensamento caminha, uma vez mais, para as terras do longe, quiçá para o infinito, na procura sistemática do muito querer. Que mar este, o da Caparica, que nos transporta no sonho e, ao mesmo tempo, é tão real na sua força e na sua energia incomparáveis.


31 de Dezembro de 2003, tempo de balanço, num ano de profunda mudança espiritual

Cito dois sentires tão distantes no tempo:

de Che Guevara
A força do pensamento revolucionário não deve opor-se ao desenvolvimento natural da ternura pelos seres humanos

De LuaLil
bem.. o casulo foi talvez um momento de transformação, ou pelo menos foi pensado assim; às vezes é preciso morrer para renascer; é natural esse processo ou mesmo esse desejo quando precisamos deixar algo para trás; a borboleta é a vitoria ... voar é uma dádiva

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