Partilhar
sábado, janeiro 31, 2004

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Um sorvete de cajá

Os resultados da noite de muita chuva, mesmo tempestuosa, estavam ainda bem visíveis, embora a manhã já avançada se apresentasse calma e luminosa. A água corria a jorros pelas valetas, onde os sumidouros não haviam sido suficientemente eficazes para absorver tanta quantidade de água.

Bastante lixo espalhado pela rua, estruturas mais frágeis destruídas, pequenos ramos de árvores partidos, eram marca da violência das chuvadas da noite anterior, que as brigadas da limpeza procuravam resolver.

A Escritora e o Fotógrafo encontraram-se na calçada, tal como haviam combinado dois dias antes, na certeza de que as condições climatéricas não iriam permitir um frutuoso trabalho de rua, mas que seria de grande utilidade conversarem um pouco mais sobre os projectos em curso.

Ao virar da esquina, a Escritora fez uma proposta irrecusável, pois embora o dia ameaçasse mais chuva a temperatura era bem elevada, coisas do Verão nordestino.

_ Vamos tomar um sorvete?
_ Que doce proposta! Vamos a isso!
_ Vais provar um sorvete de cajá... vais ficar deliciado!

O Fotógrafo viera das terras do longe e ficava deslumbrado, a cada dia que passava, com as cores, os cheirinhos, os sabores de tanta variedade de frutos que o Brasil oferece com tamanha profusão.

_ Sim... Vamos tomar um sorvete de cajá!

E lá foram até à sorveteria onde a Escritora ainda ralhou com o empregado por querer que o gelado fosse muito bem servido. Agora calçada acima muito mais animados com tão saborosa degustação.

O dia estava a mostrar-se surpreendente. Junto ao largo onde a Prefeitura mandara colocar três ou quatro bancos de jardim para que as pessoas pudessem descansar das dificuldades da subida, um grupo de meninos observava maravilhado os desenhos feitos com mosaicos numa intervenção de rua anterior.

A mensagem estava a ser passada numa linguagem que eles bem entendiam. A Escritora ainda comentou:

_ Este é um passo importante para que os meninos ganhem o gosto pela leitura!

Depois, o Fotógrafo começou a escrever mais uma bela página do seu diário, com a máquina fotográfica em acção, enquanto que a Escritora recolhia belas imagens com o clicar dos seus bonitos olhos.

_ Clapt! Clapt!

Uma saudação de alegria, mão com mão. Para o observador atento neste juntar de mãos num “clapt!” houve um ligeiro apertar de afecto entre a mão da Escritora e a do Fotógrafo.

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?