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segunda-feira, fevereiro 23, 2004

do fundo do baú das memórias

Relembrar algumas das memórias que se encontram bem lá no fundo do baú onde guardamos recordações de situações vividas há muito ou que nos foram contadas pelos mais velhos


Casa de Pasto O Coelho

Nesta minha viagem às recordações da minha meninice não consegui, ainda, passar do período de vida que se prolonga até aos doze anos de idade. A fase despreocupada das brincadeiras até à ida para a, então, designada instrução primária, entre os sete e os dez anos, e mais dois anos no Ciclo Preparatório para a Escola Comercial, até aos doze anos de idade.

Coincide este período, igualmente, com o viver na casa onde nasci, na Avenida da República, na Amadora e ao estatuto de empregado de comércio do meu pai. Os doze anos da minha vida representou um marco familiar importante, e consequentemente para mim próprio.

Nessa altura mudámos de casa, passámos a residir na Avenida Gago Coutinho, passei a frequentar a escola comercial em Lisboa, a Escola Veiga Beirão e o meu pai estabeleceu-se por conta própria com uma loja de drogarias. Mudança profunda, de facto.

Antes de mudar de registo, recordo ainda a Tasca O Coelho, na Cruz da Pedra, junto ao Jardim Zoológico de Lisboa, onde muitas vezes ia almoçar pela quantia de cinco escudos, estávamos em 1954 ou 1955.

Um dos pratos servidos com maior frequência na tasca O Coelho era o bacalhau com batatas, não podemos esquecer que o bacalhau era na época conhecido por “fiel amigo”, atendendo ao seu baixo custo entrando nas casas com mais dificuldades financeiras. Entretanto, numa sala diferente, penso que para os comensais, o senhor Coelho servia bacalhau com grão. Eu que adorava grão tive que pedir a interferência de meu pai, que numa conversa de “pé de orelha” com o dono da casa lá conseguiu que um dia me fosse servido o celebrado bacalhau com grão.

A Casa de Pasto O Coelho fazia parte, já deixou de existir há muito na voragem do negócio imobiliário, da rota das tascas que desde Lisboa se prolongava até às Portas de Benfica e, mais além, até à zona da Porcalhota, núcleo onde se iniciou a existência da hoje Cidade de Amadora.

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