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sábado, fevereiro 07, 2004

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Uma refrescante Skol

O dia que começara chuvoso e a ameaçar uma daquelas tempestades com que o Verão tantas vezes nos surpreende, foi amenizando com o passar das horas e, agora, que as primeiras luzes dos candeeiros de dupla lanterna, tão característicos da zona antiga da cidade, se começam a iluminar, há um convite no ar ao passeio.

A Escritora e o Fotógrafo caminham, lado a lado, calçada fora, inebriados com o odor emanado pelas árvores neste final de tarde, ao som de aves tão exóticas como belas e tendo como música de fundo acordes de música carnavalesca cuja origem é difícil de determinar.

Param, olham-se e encantam-se com este ambiente de sonho. Depois continuam a caminhada pela calçada da zona antiga da cidade, ladeada de edifícios de três ou quatro andares, pintados em cores diversas, mas todas elas com uma patine única e extravagante. As varandas dos edifícios são um convite permanente aos seus habitantes para se debruçarem sobre o Largo que já se mostra animado pelos muitos transeuntes.

_ Neste edifício se situa a primeira sinagoga que existiu no Brasil, comentou na passagem a Escritora.
_ Que curioso...

_ Esta zona antiga da cidade faz-me lembrar a zona portuária de Lisboa, onde comecei a minha vida de trabalho nos anos 60 do século passado.

_ Sim... aqui o mar também está perto. Porta de entrada e de saída da grande movimentação de mercadorias da cidade.

_ A zona onde comecei a trabalhar em Lisboa era uma zona de bares e de companhias de navegação, de marinheiros e de prostitutas.

_ Sim... como o são quase todas a zonas portuárias...

Um pouco mais à frente uma esplanada de cadeiras brancas viradas para a calçada era um convite à paragem. E que bem que soube aquela cerveja bem gelada. A primeira Skol partilhada, as seguintes uma para cada. E mais duas.

_ Por agora chega. Há que fazer caminho!

A cada momento, rua abaixo, uma agremiação carnavalesca. Logo depois.... um bloco, um maracatu, caboclinhos. É bem bonito mesmo.

_ Não há isso em lugar algum, Não há!!

Lá ao fundo da rua, um palco mandado instalar pela Prefeitura está disponível para as diversas apresentações que se irão realizar até culminar na terça-feira de Carnaval. O Povo está na rua animado como nunca. É época de paragem para um novo ciclo de vida que por aqui se inicia.

O Fotógrafo reparou, então, que não havia tirado uma única fotografia, embora todo o ambiente fosse adequado para tal. Concluiu que haveria muito tempo para isso. Muito melhor foi a forma como o tempo passou e em que os seus pensares e sentires se foram cruzando com os da Escritora.

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