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segunda-feira, março 22, 2004

do fundo do baú das memórias

Relembrar algumas das memórias que se encontram bem lá no fundo do baú onde guardamos recordações de situações vividas há muito ou que nos foram contadas pelos mais velhos


Turismo e tribunais

Aos doze anos ir estudar para uma escola situada no coração da cidade de Lisboa, o sentimento de que a distância à casa da família era maior, o conhecimento com novos colegas e outros estilos de ensino, representou para mim um passo importante no crescimento físico e mental.

Vem dessa época o gosto por viajar, por conhecer novos sítios e gentes e costumes diferentes. Na impossibilidade material de o fazer, a minha família já muito se esforçava para me manter a estudar, sublimava esse meu gosto e desejo, visitando na baixa lisboeta as agências de viagens e de turismo onde obtinha maravilhosos folhetos turísticos que me possibilitavam viajar mundos sem quaisquer fronteiras.

Ainda tenho na memória a Havas, que representava também o Turismo Francês, o Turismo Cruzeiro, o Pinto Basto, o Turismo Espanhol onde obtinha verdadeiras preciosidades ilustradas com fotografias de paisagens profusamente coloridas que me faziam sonhar com viagens maravilhosas.

A grande parte dos tempos livres, por saltos existentes no horário ou devido a faltas dos professores, era utilizada para assistir a julgamentos públicos que aconteciam no Tribunal da Boa Hora situado muito perto do local onde ficava a escola. Tratava-se de julgamentos de crismes menores, de outros mais graves eram realizados “à porta fechada” mas faziam as delícias dos assistentes.

Adorava assistir aos debates do contraditório e admirava a capacidade que os advogados tinham de defender uma determinada atitude e a contrária, se necessário fosse. Ali passava horas a fio, esquecido do tempo, assistindo a um julgamento após o outro bebendo as palavras e os gestos daquela gente.

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