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segunda-feira, abril 19, 2004

do fundo do baú das memórias

Relembrar algumas das memórias que se encontram bem lá no fundo do baú onde guardamos recordações de situações vividas há muito ou que nos foram contadas pelos mais velhos


Uma janela virada para o Castelo

Decorria pachorrentamente u ano de 1960, com a lentidão sentida apropriadamente por quem nessa altura tinha 15 anos. Noutras circunstâncias e, especialmente, para as pessoas idosas, mesmo nessa época de um certo adormecimento social, o tempo decorreria aceleradamente. É assim a sensação do tempo que passa.

Dizia eu, que nesses tempos mais mornos do que tranquilos tinha três vezes por semana a aula de Português, na sala 20 de terceiro piso da Escola Veiga Beirão, onde partilhava uma carteira escolar bem perto da janela que dava para o Castelo de S. Jorge em todo o seu esplendor da luminosidade da Primavera.

Foi-nos um dia proposto que escrevêssemos um texto sobre a cidade de Lisboa, para responder a um desafio da Câmara Municipal feito às escolas por forma a ser constituído um acervo de textos a ser publicado no aniversário da Cidade. Deitámos, então, mãos à obra.

Recordo-me o que texto que escrevi, já perdido na voragem das diversas mudanças de residência, era um descritivo da Lisboa monumental tal como eu a podia observar a partir daquela janela da sala 20. O Castelo de S. Jorge, a Sé de Lisboa, o Elevador de Santa Justa e, ali mesmo a beira da Escola, as Ruínas do Convento do Carmo.

Ainda hoje guardo com carinho a retribuição da Câmara Municipal de Lisboa dada a esses trabalhos escolares: dois magníficos livros, “Lisboa e os seus encantos” e “Poema de Lisboa”, este último da autoria de Augusto de Santa Rita e uma carta assinada pelo director da Escola Comercial Veiga Beirão a convidar-me para a sessão onde os livros seriam entregues.

O título do pequeno texto que escrevi então tinha o título de "Uma janela aberta...".

Acontece que alguns anos mais tarde tive oportunidade de ler o celebrado Diário, de Sebastião da Gama que havia leccionado na Escola Veiga Beirão. Em determinado capítulo sou surpreendido pela descrição que faz do dia em que pediu aos alunos que fizessem uma redacção subordinada ao tema “Uma janela aberta...”. Sebastião da Gama dava as suas aulas de Português na Sala 20.

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