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segunda-feira, abril 12, 2004

do fundo do baú das memórias

Relembrar algumas das memórias que se encontram bem lá no fundo do baú onde guardamos recordações de situações vividas há muito ou que nos foram contadas pelos mais velhos


As máquinas dos amendoins

Junto à Escola Comercial Veiga Beirão que eu frequentei entre os 12 e os 15 anos, em pleno Largo do Carmo, à beira de um tradicional quiosque, haviam instalado uma máquina que a troco de uma moeda de 5 tostões, cinquenta centavos, nos dava uma pequena dose de amendoins descascados.

Os quiosques, bonitas peças de decoração urbana, a maioria ao estilo “art-nouveux”, já desapareceram há muito dos largos e jardins da cidade, o mesmo acontecendo com as máquinas de amendoins e de pastilhas, que as actuais normas de higiene e o mercantilismo globalizado e desenfreado já baniram dos cafés, quiosques e similares. Agora é tudo embalado, de preferência com produção em Espanha ou em qualquer outro país da União Europeia, “made in EU”.

As tais moedas de 5 tostões, em alpaca e com a esfinge da República, valiam dez vezes mais do que a moeda de 5 francos franceses, da mesma dimensão mas em alumínio de péssima qualidade. Outros tempos em que o escudo era uma moeda forte, fortaleza, contudo, mantida à custa do sofrimento de um povo atrasado e reprimido.

Acontece que alguém terá descoberto que as citadas maquinas de amendoins davam exactamente a mesma resposta quer lá colocássemos uma moeda de 5 tostões, quer uma moeda de 5 francos franceses. A partir daí era um corrupio da miudagem aos cambistas da Baixa, que desejosos de se verem livres das moedas estrangeiras, eles negociavam era em notas, se prontificavam a trocar 5 tostões por dez moedas de 5 francos franceses.

Escusado será dizer que no Largo do Carmo, como com certeza em muitos largos deste País a miudagem empanturrava-se de amendoins torrados e descascados.

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