Partilhar
sábado, abril 24, 2004

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Onde estavas no 25 de Abril?

É uma questão recorrente, somente com o significado que cada um lhe queira dar, que nasceu do poder imaginativo do escritor e jornalista Baptista Bastos: _Onde estavas no 25 de Abril?

Gente importante deste País encontra sempre forma de compor uma situação mais ou menos envolvente, mas sempre determinante para os resultados da revolução dos Cravos, muito embora pudesse estar, como aconteceu com a maioria dos portugueses, a dormir no momento crucial da avançada das tropas que vieram sitiar o poder instituído.

Mas como a questão foi apresentada de forma imaginosa e o valor de Baptista Bastos ninguém lho renega, era sobre este assunto, precisamente, que o Fotógrafo e a Escritora conversavam enquanto, calçada acima, lá iam desenhando o seu diário caminhar.

_Com treze anitos a caminho dos catorze, longe tão longe do centro dos acontecimentos o que estaria eu a fazer por essa altura? Brincava despreocupada nas ruas e nos jardins, pois tinha ainda a protecção paternal que olha por nós e nos esconde as dificuldades da vida.

_Pois eu com os cabelos brancos que já tenho, á época onde já iam os catorze anos! Tinha um sentimento de opressão, de medo talvez, mas esperava a qualquer momento que o dique que retinha a insatisfação rebentasse.

_Mas?

_Mas nunca pensei que tudo acontecesse nessa noite. Havia estado até cerca da 1 hora da madrugada no Parque Mayer a assistir a uma revista à portuguesa, tinha sido multado cerca da meia-noite e trinta por estacionamento proibido, passei por essa hora à porta do então Rádio Clube Português e depois... caminha!

_Pois... eu por essa altura tinha preocupações mais de acordo com a minha idade.

_Será verdade que sim... Mas deixe que lhe diga uma coisa: A sua maneira de ser e de estar na vida não desmerece nada em relação aos “filhos de Abril”. Tomara que todos tivessem a sua capacidade de entrega e de solidariedade.

_Fico encabulada com o que me está dizendo.

_Não querida Escritora. Com a sua forma de actuar a Esperança é sempre renovada.

E lá foram caminhando calçada acima, respirando os ares de Abril que em Portugal é Primavera e no Brasil Outono, mas que é acima de tudo Esperança, forte esperança num mundo melhor em que um homem nunca mais humilhe outro homem.

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?