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sexta-feira, abril 09, 2004

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Uma merecida dedicatória

O sonho não tem dimensão, não respeita fronteiras e mede o tempo que passa com um relógio muito especial, fá-lo com a máquina de medir o tempo que funciona não com a corda, mas com os quereres e os sentires. Daí poderem verificar-se situações de difícil explicação, mas que o escrevinhador não é obrigado a explicar.

Mais de trezentas pessoas constituem a longa fila que na direcção do Nobel procuram obter uma simples assinatura do laureado escritor, aposta no seu último romance. Ele já havia pedido a compreensão daqueles que durante cerca de duas horas o ouviram atentamente falar do Ensaio sobre a Lucidez, para o facto de ir somente assinar o livro não colocando qualquer dedicatória, pois a hora já é tardia e o cansaço ronda a porta de todos os presentes.

No meio da longa fila que lentamente se desloca na direcção do Nobel, talvez um pouco mais junto ao final da mesma, um atento observador reconhecerá, por certo, o Fotógrafo e a Escritora que aguardam a sua vez para o desejado autógrafo.

_Nunca esperei viver este momento maravilhoso. Ir encontrar-me com o Nobel. Dirigir-lhe a palavra.
_Sim... e tenho a certeza que ele para ti irá abrir uma excepção. Irás ter uma dedicatória.
_Nunca pensei encontrar tanta gente ávida de o ouvir e valorizando tanto um autógrafo...
_Vá! Avancemos um pouco mais.

O ambiente era, sem dúvida, festivo. Casais houve que para não faltarem à apresentação do último livro de Saramago se fizeram acompanhar dos filhos, alguns de tenra idade. Este facto ainda veio dar mais animação ao acontecimento e veio dar-nos a certeza de que as gerações seguintes iriam continuar a interessar-se pelos aspectos culturais da sociedade.

_Somos já a seguir.
_Sim, vai ser a nossa vez.

Tal como havia acordado com os seus fieis leitores ali presente, assinou e datou o livro que o Fotógrafo lhe apresentou, a que se seguiu um aperto de mão com um sorriso de amizade. Depois, ouviu atentamente um breve descritivo do trabalho da Escritora: _Trabalha com os meninos da rua, dos bairros carenciados do Recife, desenvolvendo oficinas temáticas a respeito do conteúdo de saneamento ambiental, que depois são trazidas para a rua.

_Querida Escritora bem merece a excepção de lhe escrever aqui uma dedicatória.

Da rua entrou para o salão um forte odor dos jasmineiros.

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