Partilhar
terça-feira, novembro 16, 2004

o poeta aleixo

Comemora-se hoje o 55º aniversário da morte de António Aleixo, poeta popular e repentista algarvio, cujos poemas exemplares de análise social da sua época e região se encontram compilados nos livros «Este livro que vos deixo», «O Auto do Curandeiro», «O Auto da Vida e da Morte», o incompleto «O Auto do Ti Jaquim» e «Inéditos» que o Dr. Joaquim Magalhães teve o mérito de passar a limpo e dar para publicação.

O poeta Aleixo nasce em 18 de Fevereiro de 1899 em Vila Real de Santo António e falece em 16 de Novembro de 1949 em Loulé, onde viveu muitos anos da sua vida, cidade que homenageou o poeta e a sua obra dedicando-lhe um monumento levantado no parque da cidade, frente ao “Café Calcinha”, local outrora frequentado pelo Poeta..

Com escolaridade reduzida, era semi-analfabeto, emigrou para França onde foi servente de pedreiro e por cá foi guardador de cabras, cantor popular de feira em feira, soldado, polícia, tecelão e “poeta cauteleiro”.

Como tantos cauteleiros que conheci António Aleixo versejava. Contudo, era um profundo observador da sociedade e das gentes do seu tempo o que, aliado a um profundo conhecimento do sentir humano, fez dele um poeta acutilante em relação a uma sociedade que penalizava nessa época, como hoje em dia, os mais desfavorecidos.

Aliás, a actualidade dos seus poemas é tal que muitas vezes são citados a propósito de situações dos nossos dias.
Há alguns anos também passou a existir uma «Fundação António Aleixo» com sede em Loulé e que já usufrui do Estatuto de Utilidade Pública, o que lhe permite atribuir bolsas de estudo aos mais carenciados.

Querem maior actualidade do que a que António Aleixo apresenta nesta quadra?

A guerra não ligues meia,
porque alguns grandes da terra,
vendo a guerra em terra alheia,
não querem que acabe a guerra.


E esta que é da minha esperança...

Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
qu'rer um mundo novo a sério.


Comments:
Aleixo é um poeta singular, assim como teu belo texto sobre o "poeta-cauteleiro". Parabéns e um abraço brasileiro!
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?