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quarta-feira, março 16, 2005

um pedaço de papel

Naquele dia, vindo das terras do longe, chegou à cidade um homem velho, andrajoso, amparado a um bordão seu companheiro de longas caminhadas. Só dele se abeiravam os cães que na sua liberdade de vaguear pelas ruas pareciam reconhecê-lo. Aproximavam-se dom a cauda a dar a dar. Não lhe ladravam tampouco.

As pessoas, essas evitavam com ele cruzar-se temendo serem importunadas por esse homem velho que tinha todo o aspecto de ter realizado longa caminhada, embora não fizesse qualquer gesto que indicasse que procurava repousar. Antes, o seu olhar percorria o espaço que o rodeava, na procura sabe-se lá do quê.

A mulher que descia a rua pelo ,mesmo passeio e que se não desviou do velho homem, ficou surpreendida, ao cruzar-se com ele, com o brilho do seu olhar e com o odor a jasmineiros que de sua figura suja e andrajosa emanava. A mulher sentiu-se, por momentos, estonteada e teve que procurar apoio na parede mais próxima.

No boteco da esquina o velho entrou e tomou uma cerveja, talvez Skol. Pagou com uma moeda que foi buscar lá bem no fundo do bolso das calças e junto com a qual vinha um pedaço de papel. Estendeu-o ao empregado do boteco, dizendo-lhe:
_Algum dia uma bela mulher entrará aqui com as lágrimas nos olhos. Entregue-lhe este pedaço de papel.

Logo que o velho homem saiu do boteco, o empregado, roído de curiosidade, desdobrou o papel para poder ler o que lá estaria escrito. Grande decepção. O pedaço de papel estava completamente em branco.

Quando um dia entregar o mesmo pedaço de papel a uma bela mulher que entre no boteco com as lágrimas nos olhos, ela poderá ler:

“Caminha! Ultrapassa vales e montes, mares e continentes... Vais sentir dificuldades, escolhos, traições... Com a tua força interior continua a caminhar que encontrarás a merecida tranquilidade... o bem estar”.

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