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quinta-feira, março 24, 2005

uma noite de malandros

Esta noite vai acontecer “malandrice”, disso não tenho qualquer dúvida, a começar pelo facto de que na procura de algo que o estômago conforte, no tempo que convencionalmente chamamos “jantar”, fomos sentar-nos aos pés do Bocage, no ano em que se comemora 200 anos da sua morte.

Saindo daqui de onde agora me encontro, Bocage terá sido interpelado por um cívico da seguinte forma: Quem és? De onde vens? Para onde vais? Ao que respondeu com a “forolice” que lhe era habitual, mas que não o conseguiu levar para lá dos 40 anos de idade: Sou Bocage! Venho do Nicola! E vou para o outro mundo, se disparares a pistola!

Pois é aqui neste mítico espaço que me preparo para degustar um “bife à Nicola”, pois malandra que é a noite já estão esgotados os pratos do dia. Antes, porém, uma sopa de feijão à portuguesa, leia-se, com muita hortaliça, é servida por empregada magrita mas de bela coxa, “fausse maigre”, diria eu.

À entrada para o Coliseu dos Recreios, que de malandrice já tem que baste, de anos e anos de actividade circense, uma série de malandros tentam vender por 5 Euros (érios?) o programa do espectáculo que é uma malandrice acompanhada de um lápis que comemora e que escreve, mas que não ensina a escrever.

Depois é o espectáculo. Musical bem arrancado há 25 anos da inspiração do Chico Buarque de Holanda, chega agora a Portugal com um naipe de excelentes actores/cantores. Como teste à audiência, um chorrilho de palavrões que ao que sei, noutros espaços que não o Coliseu no dia de hoje, provocou uma debandada de alguns espectadores mais castos no ouvir.

Dois malandros que são três, pois a autoridade não foge à classificação, lutam pelo negócio do tabaco, do álcool e das putas, com duas mulheres de permeio, mais de amores do que de desamores. O culminar foi mais de meia hora de aplausos, sentados e de pé, numa homenagem bem merecida a tamanhos malandros que do Brasil vieram até nós recordar o grande Chico.

A noite, essa continuava malandra. Depois de tantas promessas de chuva, não é que mostrava seu manto de estrelas com a Lua quase cheia?

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