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quarta-feira, abril 20, 2005

corrente de literatura

Já há tempos que anda a circular na blogoesfera, mas ainda não havia chegado à Oficina. Chegou pela mão amiga do meu Compadre Fernando, que emana toneladas de Fraternidade. Teve a gentileza de escrever ao escolher a Oficina das Ideias: “Ao Victor da Oficina das Ideias, meu estimado Amigo e Compadre. Mestre, entre outras coisas, na Arte das imagens”.

Em tempo... Também a minha doce amiga Lualil, do Traduzir-se..., de tantos voos e tantos sonhos, de afectos e cumplicidades sem fim, tinha a intenção de me enviar este mesmo convite. Assumo como tal, e aceito com prazer.

Eu que não sou assíduo subscritor de “correntes” abri a excepção que o respeito e o carinho que tenho pelo Fernando me merecem e, pelas mesmas razões relativamente à Lualil. Aqui ficam as minhas modestas respostas.

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Julgo que esta questão tenha perdido o seu sentido original, dificultando uma resposta objectiva. Tentando entrar, e adivinhar esse original sentido, responderia que gostaria de ser Os Relógios de Einstein e os Mapas de Poincaré, de Peter Galison. Talvez porque “o tempo que passa” é algo que sempre me encanta e tem sido motivo inspirador de muitos dos meus escritos.

Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
Tal nunca me aconteceu. O contrário é uma realidade quando o personagem “Fotógrafo” apanhou uma fatia da minha personalidade, sem contudo envolver qualquer aspecto autobiográfico.

Qual foi o último livro que compraste?
O Farol do Fim do Mundo, texto inédito de Julio Verne, edição de Notícias Editorial – Trata-se da edição de um texto inédito, pois quando em 1905 este livro foi editado pela primeira vez e postumamente ao falecimento do autor, sofre grandes modificações introduzidas pelo filho do autor.

Qual o último livro que leste?
Anjos e Demónios, de Dan Brown, edição da Bertrand Editora – Leitura realmente actual pois coincidiu com a morte de um Papa e a eleição do seu sucessor. Este livro, que no tempo da Inquisição teria lugar garantido no Index, foi severamente criticado pelo Vaticano pouco antes da morte do Papa, e traça “os quês e os porquês” da escolha de um Papa.

Que livros estás a ler?
Convoquem a Alma, de Fernando Carvalho Rodrigues, edição de Publicações Europa-América – De uma forma simples (?), partindo de conceitos muito triviais “do Nada”, “do Ter”, “a Tempo”, passando pela “janela da prima Sara” (todos temos uma prima...) o autor leva-nos às mais profundas definições da física, da astrofísica, da física quântica e da engenharia.

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Sete Palmos de Terra e um Caixão, de Josué de Castro, edição Seara Nova – Um ensaio sobre o nordeste do Brasil, uma área explosiva. O autor debruça-se sobre os problemas sociais e políticos de uma zona onde a fome impera. Muito antes dos recursos turísticos passarem a ser explorados o dia-a-dia do nordestino era partilhado com a seca e os problemas alimentares.

A Caverna, de José Saramago, edição Caminho – Além de ser saramaguiano convicto, destaco esta obra pelo trama criado, o final algo inesperado e, além do mais, pela génese ou chispa inspiradora que esteve na sua origem, a falta de humanidade existentes nos grandes espaços comerciais. Quem sabe se a caverna não será o Centro Comercial Colombo? Ou o local em que cada um de nós se encontra encerrado e onde é violentado.

Os Subterrâneos da Liberdade, de Jorge Amado, Edição Martins – Trilogia constituída por “Os Ásperos Tempos”, “Agonia da Noite” e “A Luz no Túnel” em que o autor procura traçar o panorama da vida política brasileira nos anos do Estado Novo. A mão na consciência de um Povo que tem escrito ainda virá a ser o farol do Mundo.

O Prémio, de Irving Wallace, edição Clássica Editora – O autor põe a descoberto os interesses e pressões políticas que levam à atribuição anual dos Prémio Nobel. Simultaneamente ficciona a vida desregrada, mesmo amoral, de muitos dos contemplados que apresentam uma imagem pública impecável. Contudo, estão sujeitos a chantagens que podem por em causa a própria atribuição do “Prémio”.

A Donzela do Nevoeiro, de Walter Scot, edição Romano Torres – Talvez o primeiro livro “sem bonecos” que eu li e que me entusiasmou na leitura. Histórias misteriosas passadas nas terras da Escócia, nos castelos encantados envolvidos em brumas e segredos. É uma edição de 1960.

A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
Ao meu querido amigo Pedro, do Sintra-Gare, responsável primeiro pela existência da Oficina das Ideias, ainda na forma de “cadernos pretos” da Âmbar. Amigo do coração, homem justo, marido e pai extremoso. Um Homem completo, que além do mais é apreciador de “um com gelo” no British Bar.

Á doce Cathy, do Bailar das Letras, amiga do coração, cúmplice nos bailados das letras, das palavras e das frases e, muito em especial, dos conceitos. Companheira na luta sem quartel na defesa da língua portuguesa e da criação “daquela” ponte entre o Brasil e Portugal, onde transitem livremente a cultura e os afectos.

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