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sábado, abril 30, 2005

mil olhos

Já dediquei uma entrada na Oficina ao memorial erigido junto ao Convento dos Capuchos, em Almada, em honra do poeta chileno Pablo Neruda. Na altura escrevi sobre o sentir que esse monumento colocado na linha nascente/poente e sobranceiro ao mar em mim provoca. Faltava-me a respectiva memória descritiva que agora aqui recupero.

O memorial é constituído por dois elementos verticais, paralelos e separados, simbolizando um livro aberto, através do qual se pode admirar o mar, esse elemento que tanto inspirou o poeta e que aqui se apresenta em tons de azul únicos.



Suspensos entre as duas folhas do livro estão centenas de olhos, “mil olhos”, que fitam o observador, numa clara alusão à importância que as gentes tem na obra de Pablo Neruda. Dalguns dos “olhos” escorrem lágrimas, representadas escultoricamente por correntes.

O escultor José Aurélio, autor desta obra comenta: “A inspiração do mar, que se avista entre as colunas da escultura, a ternura dos olhos que fitam o observador, a permanência das lágrimas que caiem destes e de outros olhos, porque alguns dos problemas contra os quais lutou Neruda ainda persistem, são muitas as mensagens que nos ligam ao poeta chileno”.

Do lado esquerdo do monumento destaca-se uma peça de cobre com a cara do Nobel da Literatura de 1971. No lado direito do memorial lê-se uma frase construída a partir de enxertos de Pablo Neruda: “Quem fui? O que somos? Não há respostas. Passámos, não fomos. Éramos. Outros pés, outras mãos, outros olhos. Mas aprendi muito mais com a maré das vidas, com a ternura vista em milhares de olhos que me viam ao mesmo tempo”.



Mil olhos!

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