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terça-feira, abril 05, 2005

um café sem açúcar

O jantar estava aprazado para um restaurante campestre nos arredores de Ascot e a marcação havia sido feita com uma antecedência significativa, pois garantiram-nos ser muito difícil conseguir lugar se assim não fosse.

Ascot fazia parte do meu imaginário da vida da faustosa da sociedade tradicional britânica, com as célebres corridas de cavalos, senhoras de vestidos farfalhudos e amplos chapéus de abas e os cavalheiros vestidos com o rigor dos pares do Reino. Nunca me havia passado pela cabeça que o nosso amigo de Londres aí nos levasse a jantar.

O nosso grupo era constituído por quatro pessoas. Eu e um colega de emprego, convidados para esta viagem de trabalho a uma empresa dos arredores de Londres ligada às tecnologias emergentes. Um delegado dessa empresa em Portugal. E o nosso anfitrião, português, funcionário da referida empresa na sua sede dos arredores de Londres.

Sentimo-nos pequeninos quando uma enorme limousine nos veio buscar ao hotel e nos conduziu ao restaurante campestre nos arredores de Ascot. Quando chegámos ficámos mais tranquilos, ou talvez não. A nossa limousine seria a mais pequena de entre as que se encontravam estacionadas no parque do restaurante.

O restaurante era dirigido por uma esbelta filha de Albion, muito loira, com um corpo magnífico. O pessoal de serviço às mesas era totalmente feminino. A confirmação da marcação foi feita num enorme livro, forrado a coiro lavrado, onde lá estava registada a reserva para quatro pessoas. Qual não foi o meu espanto, ao levantar os olhos do livro, deparei na parede em frente com uma série de fotografias da proprietária do restaurante em trajes de caça e equitação. Mas com uma particularidade: estava completamente despida da cintura para cima evidenciando uns esplêndidos seios.

O jantar foi magnífico. As conversas em português animados, mais ainda sempre que a referida senhora se aproximava da nossa mesa muito bem vestida, mas fazendo trabalhar a nossa imaginação. Muito boa disposição foi a tónica do jantar.

A hora dos cafés foram pedidos quatro mais os respectivos digestivos. Os cafés foram servidos sem açúcar. Fizemos a natural reclamação e obtivemos uma resposta adequada, no mais correcto inglês. “Os portugueses têm fama de serem tão docinhos e querem açúcar para os cafés?”

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