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quarta-feira, maio 11, 2005

concurso de micro-contos



1 - 50 *** 51 - 100 *** 101 -


Aqui fica a modesta contribuição desta Oficina para este concurso:


[90] Agostinho

Agostinho era um músico de Grinzing que além fazer música apanhava tremendas bebedeiras nos heurige onde tocava. Conta-se que no tempo da peste negra, época em que as pessoas já não conseguiam enterrar os seus mortos, pondo-os às portas para serem recolhidos por uma carroça que os levava para uma vala comum, o Agostinho com uma bebedeira de “caixão à cova” caiu à saída de um heurige e ali ficou até alta madrugada. Quando a carroça passou, considerou-o mais um morto da peste negra e lá o levou para o destino final. O Agostinho ainda esbracejou e esperneou mas já os coveiros se haviam afastado às pressas não fosse caso de serem contagiados por tão terrível doença. O Agostinho lá ficou junto dos cadáveres até ter forças para sair pelos seus próprios meios.

Consta que nunca foi tocado pela peste negra. Daí que alguém mais esclarecido deduza que quem bebe, e bebe bem, vinho de Grinzing, não apanha doença nem mesmo que seja a peste negra.


[91] Em Ascot

A proprietária do requintado restaurante de Ascot, uma vistosa filha de Albion, serviu ela própria os cafés no final do repasto dos três portugueses que se haviam mostrado muito animados e galantes durante o jantar. Na falta do açúcar para o café comentaram o facto. A elegante mulher limitou-se a comentar: Vocês que são portugueses, com fama de serem tão “docinhos” usam açúcar com o café?


[92] As mulheres de Barcelona

O olhar de um fugaz cruzar na rua, na “carrera”, leva-nos a mundos insuspeitos de uma beleza e cor indiscritíveis. Vogamos nesse olhar tempos infinitos, muito próximos da eternidade, em sensações orgásticas, vibrantes, totais.

O corpo esguio, mas bem torneado das Barcelonesas, conduzem-nos por caminhos e veredas de sonho, elevam-nos ao mais alto píncaro da “Sagrada Família”, inspiraram Gaudí, não temos quaisquer dúvidas, nos seus desvarios arquitectónicos para os quais não se encontra outra explicação que não seja o turbilhão de sonho e sentimentos que as Barcelonesas lhe provocaram.

O espírito e a sensibilidade das Barcelonesas acompanharão para a Eternidade aqueles que tiveram o privilégio, a ventura, a felicidade de algum dia com elas se cruzarem, nem que tenha sido num fugaz cruzar de olhares.



Participa também!

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