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domingo, maio 22, 2005

dever de cidadania

Um dia, já lá vão mais de duas dezenas de anos, a família resolveu mudar de ares. Vivíamos, então, nas faldas da Serra de Sintra e sofríamos forte o efeito da humidade local o que agravava os problemas de saúde de um dos mais novos elementos do agrupamento familiar.

Resolvemos mudar o nosso rumo mais para Sul, e fixámo-nos num lugarejo do concelho de Almada, com ares de campo mas ali bem perto da doirada orla marítima da Caparica. Fomos residir para Charneca de Caparica. O primeiro efeito e imediato foi, sem dúvida, a cura radical dos problemas respiratórios que afectavam o rebento mais velho.

As ligações a Lisboa pela Ponte sobre o Tejo, já então renomeada Ponte 25 de Abril, eram fáceis pois a densidade habitacional era nessa época reduzida na zona sul. Alguma facilidade na construção civil, as pessoas começavam a ter alguma disponibilidade financeira por uma nítida melhoria de vida no pós 25 de Abril para ter casa própria, possibilitava a construção de modestas habitações para “casa de férias e de fim-de-semana”.

Por aqui me fixei. Conheci e amei gentes e costumes. Devido a alguma actividade de cariz humanitário que desenvolvia desde o início dos anos 80 do século passado, fui conhecendo o território, os patrimónios natural e construído, eu diria, como a palma das minhas mãos. O sentimento de serviço para com as populações locais levou-me ao trabalho autárquico.

A par da minha profissão que sempre desempenhei com prazer, uma felicidades de que nem toda a gente se pode gabar, fiz muitas outras coisas, numa permanente aprendizagem. Ocupei os tempos livres com as mais díspares actividades. Contudo, nunca abandonei o trabalho autárquico. Nestes tempos “de conhecer o preço de tudo e o valor de nada” gostaria de deixar um sublinhado: nunca do trabalho autárquico recebi um centavo (agora cêntimo) para usufruto próprio ou familiar.

Tentei sempre servir desinteressadamente as populações onde me integro mas, efectivamente, o mais realizado fui eu próprio, egoísmo, talvez: aprendi muito e continuo a fazê-lo dia-a-dia, a partilha de afectos enriquece-me a cada momento, sou feliz e continuo convencido da importância de seguir nesta senda de solidariedade.

A esperança continua a apontar para a possibilidade de um Mundo cada vez melhor...

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