domingo, maio 08, 2005
igrejas caeiro
Na verdade nada acontece por acaso. Cheguei ao edifício da Junta de Freguesia, para a sessão inaugural da exposição “Os Primórdios da Rádio”, ao mesmo tempo que esse consagrado gigante da Rádio que é Francisco Igrejas Caeiro.
_ Ó meu grande amigo! Seguiu-se um efusivo abraço, todo o prazer de um encontro.
Igrejas Caeiro, um dos pioneiros da Rádio em Portugal, era o orador convidado para a cerimónia inaugural da referida exposição e ali estava cumprindo o compromisso e o horário, senhor de 88 anos na sua perfeita e total lucidez.

Na apresentação do orador foi-me pedido que pronunciasse algumas palavras, Igrejas Caeiro “exigiu” mesmo que isso acontecesse. Sobrou-me recuar quase 50 anos na minha vida e nas minhas recordações, até aos anos 50 do século passado, para evocar a obra desse verdadeiro operário da Rádio, que durante anos percorreu todo o País, em época em que isso era difícil fazer, para levar ao Povo dos mais recônditos lugarejos o programa Rádio publicitário de maior êxito de sempre: Os Companheiros da Alegria.
Recordei, e como ainda se mantém vivo na minha memória, quando em 1952, com 8 anos de idade e às cavalitas de meu pai, assisti ao espectáculo de Os Companheiros da Alegria realizado no ringue de patinagem dos Recreios Desportivos da Amadora, o mesmo onde nasceu o hóquei em patins em Portugal. Ainda recordo a cara bonita da Bertine Branco uma das muitas descobertas de Igrejas Caeiro e que veio a casar com o novel cantor António Alvarinho e cujo casamento Igrejas Caeiro apadrinhou.
Recordei também o terrível despacho do ministro salazarista, Costa Leite Lumbralles proibindo Igrejas Caeiro de trabalhar e impedindo, não só os espectáculos, como toda a actividade que dependesse da Inspecção dos Espectáculos. Tudo isto por ter dito, numa entrevista concedida ao jornalista Rolo Duarte, para o jornal Norte Desportivo, em 11 de Fevereiro, que o pandita Nehru era o maior estadista da nossa geração, provocando revolta e profunda tristeza não apenas de todo o grupo como também, nos milhares de entusiastas dos programas e principalmente das centenas dos que se apresentavam no Trindade para os espectáculos para que haviam adquirido bilhetes. Muitos recusavam o reembolso do que haviam despendido, em tocantes gestos de solidariedade perante esta prepotência e mesquinhez do regime autoritário e persecutório.
Finalizei solicitando que não batessem palmas à minha intervenção mas que as dedicassem integralmente à figura ímpar de homem bom e humanista de Igrejas Caeiro. Um abraço forte, sentido e com lágrimas de amizade concluíram este inolvidável momento.
_ Ó meu grande amigo! Seguiu-se um efusivo abraço, todo o prazer de um encontro.
Igrejas Caeiro, um dos pioneiros da Rádio em Portugal, era o orador convidado para a cerimónia inaugural da referida exposição e ali estava cumprindo o compromisso e o horário, senhor de 88 anos na sua perfeita e total lucidez.

Na apresentação do orador foi-me pedido que pronunciasse algumas palavras, Igrejas Caeiro “exigiu” mesmo que isso acontecesse. Sobrou-me recuar quase 50 anos na minha vida e nas minhas recordações, até aos anos 50 do século passado, para evocar a obra desse verdadeiro operário da Rádio, que durante anos percorreu todo o País, em época em que isso era difícil fazer, para levar ao Povo dos mais recônditos lugarejos o programa Rádio publicitário de maior êxito de sempre: Os Companheiros da Alegria.
Recordei, e como ainda se mantém vivo na minha memória, quando em 1952, com 8 anos de idade e às cavalitas de meu pai, assisti ao espectáculo de Os Companheiros da Alegria realizado no ringue de patinagem dos Recreios Desportivos da Amadora, o mesmo onde nasceu o hóquei em patins em Portugal. Ainda recordo a cara bonita da Bertine Branco uma das muitas descobertas de Igrejas Caeiro e que veio a casar com o novel cantor António Alvarinho e cujo casamento Igrejas Caeiro apadrinhou.
Recordei também o terrível despacho do ministro salazarista, Costa Leite Lumbralles proibindo Igrejas Caeiro de trabalhar e impedindo, não só os espectáculos, como toda a actividade que dependesse da Inspecção dos Espectáculos. Tudo isto por ter dito, numa entrevista concedida ao jornalista Rolo Duarte, para o jornal Norte Desportivo, em 11 de Fevereiro, que o pandita Nehru era o maior estadista da nossa geração, provocando revolta e profunda tristeza não apenas de todo o grupo como também, nos milhares de entusiastas dos programas e principalmente das centenas dos que se apresentavam no Trindade para os espectáculos para que haviam adquirido bilhetes. Muitos recusavam o reembolso do que haviam despendido, em tocantes gestos de solidariedade perante esta prepotência e mesquinhez do regime autoritário e persecutório.
Finalizei solicitando que não batessem palmas à minha intervenção mas que as dedicassem integralmente à figura ímpar de homem bom e humanista de Igrejas Caeiro. Um abraço forte, sentido e com lágrimas de amizade concluíram este inolvidável momento.