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sábado, agosto 20, 2005

companhias da noite

Mais de duas horas já passaram depois que o Sol, qual bola de fogo a consumir-se a ,milhões de graus de temperatura, mergulhou nas profundas águas do Oceano, levando consigo a brisa do fim-de-tarde tão frequente nesta região. Aqui, na zona de transição entre o mar e a mata, observo tranquilamente o movimento da Natureza, enquanto me balanço numa cadeira brasileira pendurada no frondoso pinheiro manso do meu quintal.

As gaivotas já iniciaram a seu voo diário vindas do mar para uma lixeira próxima. Depois da refeição faustosa de peixe deitado ao mar pelos pescadores das artes, vão ter uma refeição de “lixo” para completarem a dieta diária. Voam em formação desordenada pois tiveram que vencer em voo ascendente a Arriba Fóssil, mas pouco a pouco vão-se deixando embalar nas linhas de pressão atmosférica constante. Poupam esforços enquanto se deixam planar.

Os melros, esse já emitiram os últimos piados do dia, ordem de recolher que não significa descanso. Têm nos ninhos as suas crias e, então, deverão ficar atentos às surtidas dos predadores que na calada da noite poderão atacar os ninhos. De vez em quando ainda se ouve um ligeiro gorjear como a tranquilizar as crias que por vezes se agitam nos ninhos.

Lá longe, vindo dos lados da Quinta, ouve-se um penetrante piar de algum mocho que prematuramente iniciou as suas acções de caça. Mais logo, na noite profunda, a sua actividade vai intensificar-se, na companhia das corujas das torres de figura mística e estranha. Por agora é um só mocho isolado. Mais tarde serão muitos, mas continuarão a agir isoladamente. Têm a noção de bando muito reduzida.

Reflectida pelo cone de luz de um candeeiro próximo apercebo-me de uma sombra esvoaçante que me é muito familiar. É o pequeno morcego que com os seus sensíveis radares já se apercebeu da minha presença. Não sei qual dos seus sentidos é em primeiro lugar activado. Mal chega o morcego apercebe-se de imediato da minha presença.

Começa, então os seus voos de cumprimentos. Voos circulares, cada vez mais próximos do local em que me encontro. Se horas por ali me mantiver, outro tanto tempo ele se manterá esvoaçando em círculos mais ou menos perfeitos. Esta noite, como já em tempos acontecera, vem acompanhado. Estamos na época do acasalamento dos pequenos morcegos.

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