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terça-feira, agosto 16, 2005

lisboa, nas chegadas

Lisboa, porto de partida e porto de chegada. Poetas e prosadores, políticos e jornalistas têm utilizado esta forma de se referirem a Lisboa como autêntica placa rotativa das gentes que viajam pelo Mundo e, ainda mais, como fulcro de movimentos migratórios de todas as eras e na própria actualidade.

Do Cabo de São Vicente sonho o Infante Dom Henrique chegar a terras longínquas contactar gentes e saberes exóticos. Traçou caminhos e rotas, sulcos no mar imenso pejado de perigos e por monstros terríveis defendido. De Lisboa partiram as naus e os navegadores nessa procura sonhada, mas nem todos regressaram, nem todos por cá chegaram.

Destes cais que ferem o Rio com a sua frieza, desta Lisboa ribeirinha, logo ali mais à frente a namorar o mar em doce enleio, partiram jovens mancebos prematuramente roubados à família para uma guerra de regime sem glória, nem a guerra nem o regime.

Para muitos deles foi ponto de partida sem o ter sido de chegada.

De Lisboa partiram e chegaram caravelas, paquetes, transatlânticos, até mesmo hidroaviões. Numas épocas mais de partida, noutras mais de chegada, consoante o sentido das correntes migratórias do momento.

Depois o mar, que já havia tomado o lugar da terra, cedeu-o ao ar. As partidas e chegadas passaram a ser mais demoradas do que a própria viagem. A tecnologia e a logística trataram de separar as partidas das chegadas. Não mais passaram a conviver o choro da partida com o sorriso da chegada.

Hoje estou em Lisboa, porto de partida e porto de chegada, mas no contentamento na alegria nos sorrisos das chegadas. Olhares agitados que procuram o ente querido, abraços apertados que festejam o reencontro, beijos no estilo da intimidade existente. Mas também o primeiro encontro...

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