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segunda-feira, setembro 12, 2005

em memória

Não comecei a minha vida activa de trabalhador por conta de outrém muito cedo. Pese algumas dificuldades financeiras que meus pais atravessaram mantiveram-me a estudar até eu decidir parar e começar a trabalhar. Por eles tinha ido até ao final do curso, o que não aconteceu. Estavam pois dispostos a sacrificarem mais alguns anos do seu bem estar para que eu concluísse o curso. Tal não veio, realmente, a acontecer.

Recém saído da Universidade iniciei o meu trabalho num escritório de uma grande empresa. Escritório dividido por secções. Eu fui trabalhar para a contabilidade geral. De entre os muitos colegas havia um, um pouco mais velho do que eu, a quem os olhos sempre brilhavam de orgulho quando falava no seu filho.

Aluno aplicado lá ia caminhando no curso liceal com excelentes notas, sem deixar um ano para trás. Passados alguns anos veio a notícia de que tinha entrado para a Universidade. Curso de Economia ou de Finanças tinha sido o caminho escolhido. Um dia concluiu o curso, com o brilhantismo com que tinha prosseguido toda a sua carreira académica.

As voltas que a vida dá levou a que o meu colega fosse trabalhar para o Porto. Daquele homem honesto e trabalhador fui sabendo cada vez menos. Sobre percurso profissional do seu filho que tão brilhantemente tinha concluído o curso de Finanças aconteceu o mesmo.

Um dia um apelido falado nos jornais alertaram os meus sentidos. Passei a acompanhar a acção do filho do meu colega, pessoa agora considerada nos meios financeiros. Homem de formação liberal nunca se filiou em qualquer partido político. Um nome: Nogueira Leite.

Hoje vi-o num programa televisivo com muitos convidados sobre a temática da corrupção nas autarquias. E ouvi-o afirmar do espanto de um notário quando lhe fez a escritura da aquisição de um T4 perante o preço tão elevado do imóvel. O pai, se ainda for vivo, sentiu-se, com certeza, uma vez mais orgulhoso do seu filho.

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