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segunda-feira, janeiro 30, 2006

nevou em valle do rosal

Ontem nevou em Valle do Rosal, tal já não acontecia há mais de cinquenta anos. Poucos segundos passavam das 15 horas quando miríades de flocos de uma alvura ímpar começaram a cair sobre os verdejantes campos, sem que contudo desse para acumular em camada de brancura.

Ao cair no solo já eram gotícolas de água, gelada sem dúvida mas de transparência cristalina. Os flocos de neve já haviam perdido a sua consistência ganha na passagem por uma camada gélida da atmosfera.

Há cinquenta anos não acontecera o mesmo. Como em tempos relembrei a partir do meu “baú de memórias”:

“Passaram muitos anos, talvez 52.
Por esta altura do ano, com o Verão de S. Martinho à porta, aconteceu algo com a circulação atmosférica de uma raridade muito grande. Uma massa de ar trazida das zonas polares em conjugação com uma grande instabilidade atmosférica provocou a queda de um imenso nevão.
Não foi na Serra da Estrela. Foi na Amadora, às portas de Lisboa, onde não havia notícia da neve ter alguma vez caído.
Nunca ninguém vira nada assim. O Jardim Delfim Guimarães, único à época existente naquela localidade, estava coberto por um alvo manto. Recordo-me da camada de neve que se acumulou no largo muro, mais parecia uma muralha, que o circundava.
Foi uma brincadeira pegada. Bonecos de neve, neve arremessada às mãos cheias entre a miudagem da rua, os oficiais de barbeiro a virem para a rua confundindo as suas batas brancas com a brancura das terras.
Naquele dia não fui à escola. Andava, então, na primeira classe e a directora, a Dona Carolina Simões, dispensou-nos dos deveres.
Curiosamente, só me recordo de ter caído neve à volta de minha casa e no jardim fronteiro, logo ao atravessar da rua. Julgo que o “meu” mundo estaria à época reduzido a esse espaço.
A descoberta ainda não começara.”

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