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sábado, janeiro 07, 2006

sentir o povo que vive

O Fotógrafo e a Escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios


Dia Sete

O Fotógrafo caminhava lentamente desfrutando na sua plenitude o ar límpida da manhã, envolto em odores dos jasmineiros floridos, sentindo no éter uma musicalidade “esquisita” que impregnava os sentires do alvorecer recifense. Uma mulher de virtude com quem se cruzara ocasionalmente lhe havia segredado que.

Talvez nesse segredar que nunca mais esqueceu estivesse o seu optimismo matinal, que lhe soava melodia sinfonia de novo ano o chilrear dos passarinhos multicoloridos que saltitando de árvore em árvore pareciam querer acompanhar os passos do Fotógrafo. Caminhar lento calçada acima mas bem determinado no encontro que se anunciava para breve. A determinação do tempo impõe-se sempre ao espaço da vivência.

Quando a calçada se faz praça, alarga e é mostruário do artístico trabalho dos calceteiros, o espaço é dos encontros, outras vezes de desencontros, de conversa solta, de folgar da criançada que sente no amplo espaço a protecção necessária para as correrias e os jogos de esconder e de apanhada.

Foi aí mesmo, que a manhã se tornou mais radiosa com o sorriso aberto, com o rir cristalino, da Escritora que lá do outro lado da praça já vislumbrava a chegada do Fotógrafo acompanhado por uma onda de cor e, igualmente, por um bando de estorninhos, os das boas-novas para as pessoas de muito querer.

_Que bom o ter encontrado... queria muito dar-lhe uma boa notícia!

A mulher de virtude não o enganara, “o 7 primeiro do Novo Ano seria dia de boas novas”. O Fotógrafo já adivinhara que elas chegariam pela boca da Escritora.

_Conte-me, minha querida Amiga... estava determinado que assim aconteceria...
_Sabe que dia 9 tomo posse de um novo cargo no meu trabalho?
_Verdade? Que bom....
_Fui nomeada para um cargo de gerência na “Sanear”, autarquia de saneamento, recentemente criada...
_Que óptima notícia... Te desejo, realmente, muitas felicidades.

O segredado pela mulher de virtude havia tido alguma razão de ser... A luminosidade do alvorecer havia sido o presságio mais chegado da notícia que o Fotógrafo acabara de receber.

_Temos que ir festejar o acontecimento...
_ Claro! Que melhor tchim tchim do que o feito com uma Skol bem gelada nesta manhã calorenta do Recife?

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