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domingo, março 19, 2006

aos pais de todo o mundo

O tempo que passa, marcado inexoravelmente pelos contadores universais, dá aos acontecimentos da nossa vivência uma dimensão no sentir muito esbatida em relação ao momento do acontecimento. A própria passagem do tempo é sentida de forma diversa consoante as circunstâncias.

Há, contudo, situações que pelo seu impacto no caminhar da vida nunca perdem a importância inicial. Já lá vão alguns anos, um Amigo, daqueles que sempre se escrevem com A grande, incentivou-me a escrever umas breves notas diárias que traduzissem a minha vivência do dia-a-dia. Desafio ao qual continuo a responder, agora através dos modestos escritos deste blogue.

No dia 1 de Dezembro de 2000, data da primeira resposta ao desafio de escrever breves apontamentos e porque coincidia com a data de nascimento desse meu Amigo eu escrevia:

O pai mais do que uma referência, é a nossa memória. Memória do que fomos e do que vivemos mas já não recordamos. Memória do nosso crescimento e formação, memória do tempo e de gentes que permanecem no nosso imaginário mas cujos contornos temos dificuldade em visualizar com nitidez. Quando perdemos o Pai muito do que somos se perde também. A razão de continuarmos a viver está no facto de sermos também, para os nossos filhos, mais do que uma referência, parte importante da sua memória.Havia nessa época perdido os meus pais há pouco mais de seis meses. Sentia bem forte o que na altura escrevi. Curiosamente esse sentimento de falta continua a fazer-se sentir, seis anos que já são passados. Todos os dias, não exagero, procuro uma referência, um saber, que já não encontro.

Aqui deixo a minha singela homenagem aos pais de todo o mundo, abstraindo-me de quaisquer outras considerações, e só pelo facto de algum dia terem participado no mais importante momento de cada ser humano, a gestação de outro ser humano e de representarem sempre a referência, a memória, o saber.

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