domingo, março 12, 2006
sentir o povo que vive
O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios
Um livro especial
O Fotógrafo seguia calçada acima com passos determinados de quem sabe bem o destino que terá a sua caminhada. Na mão um pequeno livro de capa em variadas tonalidades de cinza onde sobressai um pequeno circulo vermelho, um selo talvez, autocolante dizendo somente “2ª edição”.
Tem a certeza que ao chegar lá mais acima ao largo empedrado onde brinca a criançada na liberdade daquele espaço comunitário vai encontrar a Escritora que com a sua costumada pontualidade já o esperará. Tem o Fotógrafo a certeza que a irá surpreender com a oferta daquele livro que transporta na sua mão.
_Minha querida Escritora, sabia que te iria aqui encontrar...
_Em que outro local se poderia dar este “ocasional” encontro? É aqui que os jasmineiros mais odor emanam...
_É verdade! O curioso é que nesta altura do ano em Portugal os jasmineiros cobrem-se de brancas flores... e o seu odor continua aqui na calçada.
O Fotógrafo estendeu a mão à escritora e entregou-lhe o pequeno livro: “Poemas de Fernando Pessoa”. Os olhos da Escritora brilharam de contentamento, procurou ansiosamente a dedicatória que acompanharia, por certo, a oferta...
“Doce (Escritora). Nos encontros e desencontros das palavras de Pessoa sempre encontramos a esperança que ele muitas vezes procurou ocultar. “Entre o Sono e o Sonho” foi o início duma profunda amizade. Um beijo.”
E um soneto de Pessoa na sua fase do Simbolismo e Pós-Simbolismo:
“Ó tocadora de harpa, se eu beijasse
Teu gesto, sem beijar tuas mãos!,
E, beijando-o, descesse plos desvãos
Do sonho, até que enfim eu o encontrasse
Tornado Puro Gesto, gesto-face
Da medalha sinistra – reis cristãos
Ajoelhando, inimigos e irmãos,
Quando processional o andor passasse!...
Teu gesto que arrepanha e se extasia...
O teu gesto completo, lua fria
Subindo, e embaixo, negros, os juncais...
Caverna em estalactites, o teu gesto...
Não poder prendê-lo, fazer mais
Que vê-lo e que perdê-lo!... E o sonho é o resto...”
Um livro especial
O Fotógrafo seguia calçada acima com passos determinados de quem sabe bem o destino que terá a sua caminhada. Na mão um pequeno livro de capa em variadas tonalidades de cinza onde sobressai um pequeno circulo vermelho, um selo talvez, autocolante dizendo somente “2ª edição”.
Tem a certeza que ao chegar lá mais acima ao largo empedrado onde brinca a criançada na liberdade daquele espaço comunitário vai encontrar a Escritora que com a sua costumada pontualidade já o esperará. Tem o Fotógrafo a certeza que a irá surpreender com a oferta daquele livro que transporta na sua mão.
_Minha querida Escritora, sabia que te iria aqui encontrar...
_Em que outro local se poderia dar este “ocasional” encontro? É aqui que os jasmineiros mais odor emanam...
_É verdade! O curioso é que nesta altura do ano em Portugal os jasmineiros cobrem-se de brancas flores... e o seu odor continua aqui na calçada.
O Fotógrafo estendeu a mão à escritora e entregou-lhe o pequeno livro: “Poemas de Fernando Pessoa”. Os olhos da Escritora brilharam de contentamento, procurou ansiosamente a dedicatória que acompanharia, por certo, a oferta...
“Doce (Escritora). Nos encontros e desencontros das palavras de Pessoa sempre encontramos a esperança que ele muitas vezes procurou ocultar. “Entre o Sono e o Sonho” foi o início duma profunda amizade. Um beijo.”
E um soneto de Pessoa na sua fase do Simbolismo e Pós-Simbolismo:
“Ó tocadora de harpa, se eu beijasse
Teu gesto, sem beijar tuas mãos!,
E, beijando-o, descesse plos desvãos
Do sonho, até que enfim eu o encontrasse
Tornado Puro Gesto, gesto-face
Da medalha sinistra – reis cristãos
Ajoelhando, inimigos e irmãos,
Quando processional o andor passasse!...
Teu gesto que arrepanha e se extasia...
O teu gesto completo, lua fria
Subindo, e embaixo, negros, os juncais...
Caverna em estalactites, o teu gesto...
Não poder prendê-lo, fazer mais
Que vê-lo e que perdê-lo!... E o sonho é o resto...”