terça-feira, maio 09, 2006
por terras de ferreira
Por terras de Ferreira seguimos na estrada nacional, hoje em dia com o piso em óptimo estado, muito mais agradável para o viajante do que as auto-estradas que rasgam a orografia mas deixam de lado o sentir do Povo e todo o património natural e construído. São esses elementos que na realidade dão valor a uma viagem, mais curta ou de mais caminho percorrido, mais interessante no “ficar” do que no “chegar” e no “partir”.
Depois de percorrermos muitos quilómetros ladeados se sobreiros nas suas diversas fases de crescimento e de maturidade, num esforço importante que está a ser feito na reflorestação tradicional, deparamo-nos, até perder de vista com áreas enormes de pousio.
Ao nosso olhar espantado corresponde um comentário do amigo Rui conhecedor desta situação:
“_Aqui são áreas de cultivo subsidiadas com o designado “subsídio pelo histórico”. Subsídios atribuídos pelo histórico do cultivo e não pela área cultivada. Assim estes donos de terra recebem subsídios sem necessitarem de fazer qualquer investimento nestas terras. E também nada irão acrescentar à produção”.
Voltamos aos tempos do absentismo “do antes do 25 de Abril”. Estes subsídios que à época eram gastos no Casino Estoril agora poderão ser em parte desviados para o Casino Lisboa. Quem vai sofrer são os trabalhadores que voltam a ficar sem trabalho.
Escrevia José Régio em 1901, no seu “Fado Alentejano”:
Alentejo, ai solidão,
Solidão, ai Alentejo,
Adro da melancolia!
Tua tristeza me pesa,
Alentejo – ai – solidão...
Quando, às vezes, não me pesa!
E ausente dessa tristeza,
Pesa-me toda a alegria...” (1)
Lá seguimos rumo ao Alentejo profundo, cada vez nos afastamos mais do litoral rumo ao interior. Aqui agora, bordejando a estrada que percorremos, milhares de minúsculas árvores, alinhadas e protegidas contra os ventos, mostram um cuidado plantio, investimento no futuro... É ainda o Rui que nos dá uma explicação:
“_Trata-se de uma empresa espanhola que está aqui, desde há alguns anos, a desenvolver um plantio de oliveiras. Estas, estes milhares, são já deste ano mas algumas plantadas em anos anteriores já estão a produzir azeitonas. E estamos somente a duas horas de viagem das instalações espanholas transformadoras da azeitona, lagares de azeite e conserveiras.”
E lá foi acrescentando...
“_As empresas portuguesas não conseguem atingir a quotas de produção atribuídas a Portugal pela União Europeia e, então, essas quotas são compradas ao Estado português pelos espanhóis...”
Já percebi... Portugal vende à Espanha quotas de produção e compra da Europa quotas de poluição...
(1) Sobre o Alentejo ler “Antologia da Terra Portuguesa – O Alentejo” coordenação de Urbano Tavares Rodrigues, Livraria Bertrand.
Depois de percorrermos muitos quilómetros ladeados se sobreiros nas suas diversas fases de crescimento e de maturidade, num esforço importante que está a ser feito na reflorestação tradicional, deparamo-nos, até perder de vista com áreas enormes de pousio.
Ao nosso olhar espantado corresponde um comentário do amigo Rui conhecedor desta situação:
“_Aqui são áreas de cultivo subsidiadas com o designado “subsídio pelo histórico”. Subsídios atribuídos pelo histórico do cultivo e não pela área cultivada. Assim estes donos de terra recebem subsídios sem necessitarem de fazer qualquer investimento nestas terras. E também nada irão acrescentar à produção”.
Voltamos aos tempos do absentismo “do antes do 25 de Abril”. Estes subsídios que à época eram gastos no Casino Estoril agora poderão ser em parte desviados para o Casino Lisboa. Quem vai sofrer são os trabalhadores que voltam a ficar sem trabalho.
Escrevia José Régio em 1901, no seu “Fado Alentejano”:
Alentejo, ai solidão,
Solidão, ai Alentejo,
Adro da melancolia!
Tua tristeza me pesa,
Alentejo – ai – solidão...
Quando, às vezes, não me pesa!
E ausente dessa tristeza,
Pesa-me toda a alegria...” (1)
Lá seguimos rumo ao Alentejo profundo, cada vez nos afastamos mais do litoral rumo ao interior. Aqui agora, bordejando a estrada que percorremos, milhares de minúsculas árvores, alinhadas e protegidas contra os ventos, mostram um cuidado plantio, investimento no futuro... É ainda o Rui que nos dá uma explicação:
“_Trata-se de uma empresa espanhola que está aqui, desde há alguns anos, a desenvolver um plantio de oliveiras. Estas, estes milhares, são já deste ano mas algumas plantadas em anos anteriores já estão a produzir azeitonas. E estamos somente a duas horas de viagem das instalações espanholas transformadoras da azeitona, lagares de azeite e conserveiras.”
E lá foi acrescentando...
“_As empresas portuguesas não conseguem atingir a quotas de produção atribuídas a Portugal pela União Europeia e, então, essas quotas são compradas ao Estado português pelos espanhóis...”
Já percebi... Portugal vende à Espanha quotas de produção e compra da Europa quotas de poluição...
(1) Sobre o Alentejo ler “Antologia da Terra Portuguesa – O Alentejo” coordenação de Urbano Tavares Rodrigues, Livraria Bertrand.