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quinta-feira, junho 22, 2006

a hora certa pelo relógio de sol

“O relógio de sol é o único instrumento que lê o tempo, é um património cultural e científico em todo o mundo, um instrumento lúdico e didáctico para o ensino, nomeadamente da matemática, história e geometria”, palavras de Vítor Sampaio Melo, do Quadrante Solar.

O Relógio de Sol tem a sua origem numa estaca espetada no solo, designada gnómon, que por efeito da luz solar projecta uma sombra no chão, que se movimenta no sentido inverso ao do movimento do Astro-Rei. A partir desta observação simples foi possível ao Homem primitivo distinguir a manhã da tarde e dividir o tempo.

Actualmente, o relógio de sol continua a ser o único que lê o tempo e pelo qual se regem os relógios atómicos - em Portugal é o do observatório astronómico de Lisboa - que servem para acertar todos os outros.

Ainda nas palavras de Vítor Sampaio Melo “O relógio mecânico foi inventado para guardar a hora do sol, mas não substitui o relógio de sol, porque é sempre por este que se acerta”.

Segundo Sampaio Melo, o relógio atómico é o mais exacto dos relógios modernos, mas até este se pode atrasar e é sempre pelo do sol que se volta a acertar.

Além da sua importância enquanto instrumento único de leitura do tempo, o Relógio de Sol é, na sua concepção e simbolismo, parte integrante do património imaterial da Humanidade.

Os mais antigos Relógios de Sol existentes em Portugal remontam à época do Império Romano, um dos quais se encontra nas ruínas do Teatro Romano de Lisboa, nas imediações do Miradouro de Santa Luzia, ao cimo do Bairro de Alfama.

Outro relógio de sol romano foi encontrado nas escavações de uma vila romana, na Aroeira, mas não está patente ao público.

O terceiro mais antigo não chega a ser bem um relógio de sol, mas uma alegoria, com o formato de um relógio mas que não funciona, na porta de uma casa na cidade romana de Conímbriga.

De acordo com o Instituto Quadrante Solar que tem procedido a um inventário exaustivo dos Relógios de Sol existentes em Portugal existem vários tipos de relógios de sol, desde os de pedra, grandes, aos de bolso, muitos deles contendo divisas horárias «engraçadas» que os tornam mais originais.

Destas, Sampaio Melo do Quadrante Solar destacou uma que pode ser vista num relógio de sol numa vivenda do Bairro de Santa Cruz de Benfica e que diz «Para os amigos todas as horas são boas», ou outra no Alentejo, onde se lê «Não olhes muito para mim, que perdes o teu tempo».

Usando o movimento do Sol em relação a Terra nós podemos obter um relógio e a primeira unidade de tempo, o dia. Para medir o ano os egípcios precisavam de um instrumento que medisse um intervalo de tempo.

Para medir a passagem do tempo um dos primeiros instrumentos que o Homem primitivo usou foi o movimento aparente dos corpos celestes, tais como o Sol, a Lua, os Planetas ou as Estrelas. O mais simples e o mais rápido dos movimentos que vemos é o do Sol.

E o que é que acontece? O Sol nasce pela manhã e sobe até o meio dia, altura em que se no ponto mais alto, e no final da tarde ele se põe. Quando o Sol se põe o céu escurece e dizemos que chegou a noite e, se não tivermos nuvens no céu, veremos as estrelas, os planetas, e às vezes a Lua. Depois o Sol nasce novamente, o dia fica claro e tudo se repete.

Para medir um intervalo de tempo a coisa mais importante é a repetição, é ela que nos permite usar este ou outro fenómeno como relógio. Sempre que o Sol nasce nós dizemos que começou um dia. Contando os dias podemos medir um intervalo de tempo. É assim que o movimento do Sol se tornou o nosso primeiro relógio.

Ainda me recordo dos tempos passados na aldeia de que era o Sol, a hora do Sol, que comandava a vida das pessoas nos seus diários labores. O Sol marcava a hora de início dos trabalhos no campo, onde se trabalhava “de Sol a Sol”, e a hora do jantar, a que hoje chamamos almoço, ao meio-dia, solar claro está.


Contribuiram para este texto o Instituto de Investigação, Estudo e Divulgação do Quadrante Solar, Diário Digital / Lusa e Fernando Paixão, do Creative Commons.


O dia 21 de Junho foi declarado Dia do Relógio de Sol, pelo Instituto de Investigação, Estudo e Divulgação do Quadrante Solar

Comments:
Que bela aula! Os antigos eram sábios.Nós temos que conservar essa história e passar aos jovens
Ligia
 
Pesquisando pela net, cheguei ao seu site.
que deslumbre!! um deleite para os olhos e fiquei a sonhar com os textos e as imagens...
Berlenga bateu uma saudade...

Parabéns... adicionei aos meus favoritos e vou continuar minha pesquisa e voltarei a te visitar mais vezes e desfrutar de sua maneira de expor as letrinhas
Um abraço.
Ro
 
Adoro tudo que posso aprender com seus textos, Victor! ;)
Bailarina das Letras
 
Querida Ligia. Vou tentar dar uma ajuda ma pesquisa dos Relógios Solares. Beijinho.
 
Querida Amiga Rosangela. Muito contentes ficamos de ter recebido a sua visita. Mande-nos o link do seu blog. Um beijo.
 
Minha Doce Cathy. Adoro as tuas visitas. Beijinho grande.
 
gosta de saber onde se baseou para dizer que no teatro romano de lisboa está um relogio de sol....eu tenho paxado a minha vida a estudar o teatro romano e senão me bastaxe andar a estudar (nao com mt promenor) tenho confraternizado com os maiores conhecedores e não me lembro de alg me ter falado acerca desse relógio...para confirmar convidava-o a visitar o museu do teatro!
espero por alguma resposta em concreto...
saudaçoes
tiago
 
Caro Amigo Tiago
As referências consultadas encontram-se no rodapé em negrito. Deixo aqui a resposta pois não tenho forma de o contactar directamente com as indicações que me deixou. Um abraço.
 
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