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quarta-feira, julho 19, 2006

minha terra é meu sentir

Caparica mais do que uma terra é um Povo. Gente que construiu vida entre o mar e a floresta em diversificado labor. Da sua vivência aqui se regista testemunho


O Cruzeiro da Quinta dos Quarenta Mártires

Decorria o ano de 1559 quando os padres da Companhia de Jesus adquiriram a Afonso Botelho, meirinho da Corte, por doação deste, um terreno onde ergueram uma quinta, na procura de um local ermo e isolado onde se pudessem preparar espiritualmente para importantes missões de evangelização que lhes estavam destinadas.

Aí permaneceram em longo retiro espiritual o venerável Beato Inácio de Azevedo e seus 39 companheiros que se prepararam para seguir para o Brasil em acção missionária que veio a ser abruptamente interrompida ao serem martirizados quando viajavam de barco ao largo das Ilhas Canárias, a 15 de Julho de 1570.

A Igreja deu honra de altares aos quarenta religiosos da Ordem de Jesus, assim massacrados, trinta e dois dos quais eram portugueses e os restantes sete espanhóis. Os religiosos portugueses eram:
Beato Inácio de Azevedo, presbítero, nascido no Porto em 1527
Beato Aleixo Delgado, noviço, natural de Elvas
Beato Álvaro Mendes, estudante, natural de Elvas
Beato Amaro Vaz, irmão-coadjutor, natural do Porto
Beato André Gonçalves, estudante, natural de Viana do Alentejo
Beato António Correia, noviço, natural do Porto
Beato António Fernandes, irmão-coadjutor, natural de Montemor-o-Novo
Beato António Soares, estudante, natural de Trancoso
Beato Bento de Castro, estudante, natural de Chacim
Beato Brás Ribeiro, irmão-coadjutor, natural de Braga
Beato Diogo de Andrade, presbítero, natural de Pedrógão
Beato Diogo Pires, noviço, natural de Nisa
Beato Domingos Fernandes, irmão-coadjutor, natural de Borba
Beato Francisco Álvares, irmão-coadjutor, natural da Covilhã
Beato Francisco Magalhães, estudante, natural de Alcácer do Sal
Beato Gaspar Álvares, irmão-coadjutor, natural do Porto
Beato Gonçalo Henriques, noviço, natural do Porto
Beato João Adauto, estudante, natural do Minho
Beato João Fernandes, irmão-coadjutor, natural de Braga
Beato João Fernandes, estudante, natural de Lisboa
Beato Luís Correia, estudante, natural de Évora
Beato Luís Rodrigues, estudante, natural de Évora
Beato Manuel Álvares, irmão-coadjutor, natural de Estremoz
Beato Manuel Fernandes, estudante, natural de Celorico da Beira
Beato Manuel Pacheco, estudante, natural de Ceuta
Beato Manuel Rodrigues, estudante, natural de Alcochete
Beato Marcos Caldeira, noviço, natural de Vila da Feira
Beato Nicolau Diniz, noviço, natural de Bragança
Beato Pedro Fontoura, irmão-coadjutor, natural de Braga
Beato Pedro Nunes, estudante, natural de Fronteira
Beato Simão da Costa, irmão-coadjutor, natural do Porto
Beato Simão Lopes, estudante, natural de Ourém

Os oito religiosos espanhóis eram:
Beato Álvaro Baena, irmão-coadjutor, natural de Villatobos
Beato Estevão Zurara, irmão-coadjutor, natural de Biscaia
Beato Fernão Sanches, estudante, natural de Castela a Velha
Beato Francisco Perez Godoy, estudante, natural de Torrijos
Beato Gregório Escribano, irmão-coadjutor, natural de Logronho
Beato João Mayorca, irmão-coadjutor, natural de S. Jean P. Port
Beato João de S. Martin, estudante, natural de Yuncos
Beato João de Safra, irmão-coadjutor, natural de Jerez de Bad

A quinta foi buscar a sua designação de Quinta do Valle do Rosal ao facto de a casa principal ser rodeada por um belo jardim onde imperavam as rosas de várias colorações, mas todas de rara beleza. Tudo o resto à volta desta quinta era uma imensa charneca, terrenos estéreis com cobertura arbustiva de tojos, zimbros e silvados. Desta cobertura arbustiva destacavam-se muitos pinheiros próprios da região.

Espaço propício à vida contemplativa, à meditação, ao retiro espiritual a Quinta do Valle do Rosal após o martírio dos missionários ao largo das Ilhas Canárias passou, igualmente, a ser conhecida como “Quinta dos Quarenta Mártires”, levantando-se no alto de uma brenha um cruzeiro que assinala o acontecimento. Por diversas ocasiões, devido a factores climatéricos ou a actos de vandalismo, foi destruído e de novo reconstruído.



Na base do cruzeiro podem ler-se duas inscrições (tradução):

Na face voltada a nascente

Pára viajante
Esta cruz que tu vês é o monumento
De tanta glória
Tem tantos triunfos na sua frente
Quantos mártires refere sob os
Vencedores auspícios dessa cruz
O Padre Inácio de Azevedo junto aos
Quarenta companheiros consagrou
Segundo o rito este templo a Deus
Ano CVM D 1659


Na face voltada para a casa:

O padre cheio de amor e para perpetuar
A glória ergueu esta cruz de
Mármore para os seus brasileiros
Padre ////////////Provincial
Ano Brasil D 1659


Bibliografia
“Caparica através dos séculos”, de Conde do Arcos
Revista Almadan, n.º 1 – Maio/Novembro de 1983


Comments:
Nao vejo a hora de poder sentir o cheiro desta terra.. me envolver em suas lembranças e me entregar aos seus sonhos!!
beijos
 
Doce Lualil. Vai haver especial festividade em Portugal para saudar a tua chegada. Beijinho.
 
Cada vez mais me apaixono por tudo isso.
LIgia
 
Querida Lígia. Terra de pequenas estórias que é importante preservar. Beijinho.
 
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