Partilhar
domingo, julho 30, 2006

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios


O boteco do Sô Zezinho

Muitas vezes o Fotógrafo, nas suas caminhadas calçada acima, acompanhado pela Escritora têm entrado naquele boteco da esquina, gaveto da praça principal onde tomam uma Skol bem gelada para refrescar a garganta seca pela canícula do dia e resultante da própria caminhada. Trata-se quase de um ritual que o Sô Zezinho, dono do boteco sempre saúda com uma palavra de boa disposição.

Hoje o Fotógrafo fê-lo sozinho. A Escritora muito ocupada com os seus afazeres profissionais e com uma viagem da saudade que resolveu fazer aproveitando uns tempos livres, não o tem podido acompanhar, embora como ela própria refere muitas vezes “também se está presente mesmo na ausência física”. Daí que hoje se tenha detido um pouco mais de tempo no boteco do costume.

A porta do boteco chama a atenção dos passantes devido a forma garrida como está pintada com listas de vermelho e azul. Esta porta que assinala claramente um local de culto representa, igualmente, uma fronteira bem nítida entre o calor da rua, quantas vezes pesado de cortar a respiração, da frescura do seu interior qual catedral de sabores e de odores aliciantes. Um autêntico oásis no meio da canícula asfixiante que hoje pousou sobre o Recife.

Do lado esquerdo uma correnteza de mesas de tampo quadrado, alinhadas quanto possível, cada uma com as quatro cadeiras que lhe pertencem e do lado direito uma mesa comprida com bancos corridos, local comunitário de convívio e amizade. A mobília é talhada em madeira ao estilo rústico apropriada ao local, e onde o asseio impera e apela a uma permanência prolongada, para dois dedos de conversa que é coisa que o Sô Zezinho muito aprecia.

Ao fundo um balcão amplo com o tampo talhado em pedra de mármore, talvez vinda de Borba em Portugal, onde estão implantadas as torneiras donde sai o gelado chopinho de pressão. A entrada para lá do balcão faz-se por uma abertura ao lado esquerdo do balcão a que o tampo de madeira levadiço garante a continuidade quando baixado.

Nas paredes diversas fotografias antigas da zona envolvente do boteco devidamente emolduradas representam importante documento histórico da vivência, do frevo e da boémia de outros tempos. A propósito de cada uma delas, o Sô Zezinho, tem uma estória que conta prazenteiramente quando o desafiam a ir buscá-la ao seu baú de memórias.

_Sô Zezinho, hoje não vou beber a costumada Skol, hoje trago comigo uma surpresa...
_??
_Hoje sou eu próprio que o convido...
_Qual a surpresa que traz consigo, amigo Fotógrafo?
_Tenho aqui a verdadeira bebida da boémia portuguesa... uma ginjinha!!!!

Comments:
Encontros de sabores ,aromas,e poesia,nada melhor encontro de bebidas que levam a partilha do convivio.
Ligia
 
Querida Lígia. Nestas caminhadas do Fotógrafo e da Escritora faltava descrever o boteco por onde muitas vezes passam. Se o consegui fazer com clareza fico satisfeito. Um beijo.
 
Estou aqui.. aliás sempre estive, jamais deixarei de estar. Pode abrir uma skol agora?
beijos
 
Doce Lualil. Uma Skol geladinha e, depois, para rebater uma ginjinha. Beijinhos.
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?