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terça-feira, agosto 15, 2006

a minha opinião

O pessoal da Oficina está atento à actualidade política e social de Portugal e do Mundo. Aqui partilham o seu pensar através da minha análise modesta mas interessada


Que protecção civil nós temos?

Faz agora 24 anos um grupo de gente interessada de forma voluntária na temática da protecção de pessoas e bens em relação às situações calamitosas de origem natural escrevia: “As populações absorvidas pela actividade intensa e rotineira imposta pela civilização actual, ignoram ou esquecem a sua enorme vulnerabilidade aos factores naturais adversos e a sistemática ameaça do enquadramento ambiental”.

Um ano depois, em Maio de 1983, o Caparica CB, uma Associação de utentes de radiocomunicações da Banda do Cidadão, que se dedicava prioritariamente às comunicações de emergência publicava a primeira edição do “Plano Global de Emergências (Perímetro da Caparica)”. Um trabalho baseado nos conhecimentos profundos da região por parte dos seus associados e a contribuição técnica dos Bombeiros Voluntários de Almada, Cacilhas e Trafaria, da secção da Cova da Piedade da Cruz Vermelha Portuguesa e das autarquias do Concelho de Almada.

Este documento, com cerca de 170 páginas, fazia o inventário exaustivo das zonas e tipo de risco existente na região, dos meios necessários para acorrer a essas situações e da forma de efectuar o apelo com segurança e eficácia e a disponibilidade de meios de comunicação rádio para os respectivos postos de comando e meios no terreno.

Trabalho precursor em relação aos planos de emergência que anos mais tarde iriam ser elaborados a nível municipal, dos governos civis e nacional, este trabalho teve apresentação pública e serviu de guia a todo o trabalho voluntário de prevenção de calamidades, tais como fogos florestais, inundações e temporais, acidentes rodoviários e muitos outros.

Foram anos de grande tranquilidade e organização no combate às calamidades, tendo como base um serviço eficaz de radiocomunicações de emergência – Banda do Cidadão, aumentando a prevenção e tornando eficaz o alerta, pelos meios existentes e pelo empenhamento popular.

Um ensinamento ficou de todo este trabalho e empenhamento:
O combate aos fogos florestais realiza-se no Inverno (prevenção)
O combate às inundações e temporais realiza-se no Verão (prevenção)

Pasma-se hoje, passados quase 25 anos, com o desnorte total na protecção civil, com a indefinição de responsabilidades, com as dificuldades de comunicação pese os milhões de euros investidos em tecnologia, com a descoordenação do comando.

O País arde a cada ano que passa. As inundações arrasam, cada vez mais o que sobra dos fogos.

Os responsáveis políticos, os próprios ministros não se entendem, enganam todos os dias os portugueses com os seus discursos, sem assumirem responsabilidades e, muito menos, retirarem as normais ilações em situações como estas – DEMISSÃO. Os responsáveis técnicos, especialmente os pertencentes à Protecção Civil Nacional discursam de forma a que o Povo os não entenda.

O que sobra?

Mudança de nome do serviço, agora Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil
Utilização do vocábulo “ignição” em lugar de fogo, baralhando os ouvintes, claro...

Os êxitos que afirmam todos os dias obterem, “a Bem da Nação”, traduzem-se numa calamidade das populações, enquanto os políticos desbundam em férias de nababos.

Comments:
Nós não temos protecção civil. Já nem o nome pois como o Victor disse, agora é o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil.
Mas isso seria irrelevante se as coisas funcionassem bem. E aí é que "a porca torce o rabo".
As "guerras" havidas entre as cúpulas, e não só, confirmam que algo está mal.
Não só na Protecção Civil como nos Bombeiros.
Esaperemos melhores dias.
 
Caro António Dias. Quantas caminhadas não fizémos para que realmente existisse protecção civil em Portugal. Mas as acticidades cívicas e sociais são incompatíveis com tachos, com boys e com "cows". Um abraço.
 
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