Partilhar
sábado, setembro 02, 2006

número um

Hábito antigo de guardar os “número um” das revistas, quantas vezes o “número zero”, acaba por fazer história do que é publicado, dos êxitos editoriais e, igualmente, dos fracassos, mas é sempre registo dos tempos


Xeque Mate

Nos anos 50 e 60 do século passado, em pleno regime fascista e repressivo do Estado Novo, muitos subterfúgios eram utilizados para iludir a pressão permanente da polícia política sobre as gentes. Recorria-se, à época, ao associativismo nas suas vertentes culturais e recreativas, às cooperativas de consumo, às actividades culturais de uma forma geral.

Estava, então, em voga a prática do XADREZ onde se destacava o Mestre Joaquim Durão, internacionalmente reconhecido, que após o advento da televisão conseguiu encontrar um espaço de divulgação que. Mais do que tudo, era um meio de interagir com os telespectadores, o que representava uma importante forma de manter as populações atentas e empenhadas.

Com este derrubar das barreiras da incomunicação entre as pessoas, lembrar que a polícia política considerava, nesses tenebrosos anos, que um ajuntamento de mais de duas pessoas já seria uma conspiração, foi um passo importante na libertação das mentes que o estado pretendia cerradas ao conhecimento.

O N.º 1 da revista “Xeque Mate” foi publicado em Novembro de 1954, a partir do N.º 2 só vendida por assinatura “...pois a venda avulso pelos estabelecimentos obrigar-nos-ia a encargos de ordem vária que forçariam comprometedoramente o aumento do preço da revista”, tinha o custo de assinatura por 12 meses de 60$00 (sessenta escudos).

O director, editor e proprietário era Joaquim Durão, estando a composição e impressão a cargo da Tipografia LABOR (!!!!).



Do conteúdo do Número Um da revista “Xeque Mate” salientamos:

Notação Algébrica
Primeiro Lance
O XXV Congresso da Federação Internacional de Xadrez
A Taça das Nações
Noticiário de Portugal
3 vitórias internacionais portuguesas, comentadas por Joaquim Durão
Noticiário do Estrangeiro
Figuras do Xadrez Nacional
Xadrez por correspondência
Problemas, secção de Rui Nascimento

Dois sublinhados recolhidos neste número da revista Xeque Mate:
“Portugal esteve representado no XXV Congresso da Federação Internacional de Xadrez pelo espanhol D. Felix Heras”
Portugal não participou na Taça das Nações que foi ganha pela Rússia pois “a verba disponibilizada pela Direcção Geral dos Desportos, organismo máximo desta actividade, não chegava sequer para pagar os bilhetes de combóio até Amsterdão onde se realizou a prova”.

Assim caminhava Portugal em 1954.

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?