terça-feira, outubro 17, 2006
chamamento do mar agreste
O chamamento chegou de mansinho. Primeiro, um longínquo “arrulhar de rola”, suave e tranquilo. Logo depois, num crescendo veloz e acentuado, um bru-á-á cada vez mais intenso. Os sentidos despertos por um ruído imenso vindo do fundo dos tempos entenderam o chamamento do mar de Outono na vivência da enorme amplitude das marés.
Vencida a falésia, arriba fossilizada de milhões de anos, encontramos o mar cinzento que em ondas agrestes e vivas se transformava no caminho do areal numa sinfonia de prata. Argêntea brancura pois a gandaia há muito fora deixada cá bem acima, aquando da preia-mar.
Rebentação forte, ruidosa, que o mar é macho no dizer dos pescadores das artes que nestes tempos invernosos, no Outono vividos, não se podem fazer à faina na procura do sustento diário. É tempo de recuarem às hortas, pescadores feitos agricultores, que a filharada tem que se alimentar.
Levantando o olhar para o topo da arriba, onde o pinhal vem beijar a beira da falésia, somos surpreendidos por uma verdadeira dança nupcial executada de forma espantosa pelos corvídeos do pinhal em época de acasalamento. Várias dezenas de corvos executam o seu acasalamento em pleno voo, emitindo os seus vocálicos até à exaustão.
Entre os corvos acontece uma relação triangular, pois quando se verifica a carência de macho, as fêmeas ritualizam entre si o acto do amor, cortejando-se e seduzindo-se mutuamente até que uma das fêmeas passa a exercer o papel masculino. Fruto desse amor a outra fêmea choca os ovos, que por serem estéreis não resultam.
Mas o romance não termina aí. Quando surge o macho, mesmo que atrasado, e começa a namorar uma das fêmeas já em estado de acasalamento “homossexual”, não conseguirá desligar as duas amadas. Terá que compor com elas um “menage à trois”, tendo que cuidar de duas ninhadas dessa relação resultantes.
É irresistível o chamamento do mar agreste na invernia da Praia do Sol.
Vencida a falésia, arriba fossilizada de milhões de anos, encontramos o mar cinzento que em ondas agrestes e vivas se transformava no caminho do areal numa sinfonia de prata. Argêntea brancura pois a gandaia há muito fora deixada cá bem acima, aquando da preia-mar.
Rebentação forte, ruidosa, que o mar é macho no dizer dos pescadores das artes que nestes tempos invernosos, no Outono vividos, não se podem fazer à faina na procura do sustento diário. É tempo de recuarem às hortas, pescadores feitos agricultores, que a filharada tem que se alimentar.
Levantando o olhar para o topo da arriba, onde o pinhal vem beijar a beira da falésia, somos surpreendidos por uma verdadeira dança nupcial executada de forma espantosa pelos corvídeos do pinhal em época de acasalamento. Várias dezenas de corvos executam o seu acasalamento em pleno voo, emitindo os seus vocálicos até à exaustão.
Entre os corvos acontece uma relação triangular, pois quando se verifica a carência de macho, as fêmeas ritualizam entre si o acto do amor, cortejando-se e seduzindo-se mutuamente até que uma das fêmeas passa a exercer o papel masculino. Fruto desse amor a outra fêmea choca os ovos, que por serem estéreis não resultam.
Mas o romance não termina aí. Quando surge o macho, mesmo que atrasado, e começa a namorar uma das fêmeas já em estado de acasalamento “homossexual”, não conseguirá desligar as duas amadas. Terá que compor com elas um “menage à trois”, tendo que cuidar de duas ninhadas dessa relação resultantes.
É irresistível o chamamento do mar agreste na invernia da Praia do Sol.