Partilhar
sexta-feira, novembro 24, 2006

gedeão, poeta vivo

Tenho um amigo que frequentou uma escola de Lisboa onde havia “um homem bom” que era aí professor. Homem virado para as Ciências dizia-se, na Escola, entre os alunos e os funcionários dessa escola, e até na sala dos professores, que esse homem bom que dava igualmente aulas “escrevia umas coisas”.

Era irónico por vezes mas, igualmente, modesto no seu dia-a-dia de professor. “Escrevia umas coisas”, dizia-se.

Rómulo de Carvalho tinha um grande amigo. Daqueles amigos fortes que por nós são capazes de dar a própria vida. A ele confidenciava os seus sofreres, que eram o reflexo do sofrimento alheio, da constatação da solidão humana... Chamava-se António Gedeão.

Nascido de família modesta, foi sua mãe que o influenciou nas leituras, embora esta somente tivesse a instrução primária, mas grande apaixonada pela literatura. É ela que, através dos livros comprados em fascículos, vendidos semanalmente pelas casas, ou, mais tarde, requisitados nas livrarias Portugália ou Morais, inicia o filho na arte das palavras.

Somente aos cinquenta anos de idade revelou a sua arte poética com a obra Movimento Perpétuo (1956), a que se viriam a juntar outras obras, como Teatro do Mundo (1958), Máquina de Fogo (1961), Poema para Galileu (1964), Linhas de Força (1967).

Contudo, já aos 5 anos de idade havia escrito os primeiros poemas e aos 10 anos resolve completar “Os Lusíadas”, de Luís de Camões. Mas foram as ciências a sua grande paixão nos estudos, cujo liceu frequentou no mítico Gil (Vicente).

A obra de Gedeão é um enigma para os críticos, pois além de surgir, estranhamente, só quando o seu autor tem 50 anos de idade, não se enquadra claramente em qualquer movimento literário. Contudo apresenta grandes preocupações com os problemas do Povo português.

A sua poesia é de elevado conteúdo social, acredita que através do sonho se poderá encontrar o caminho da paz, da solidariedade, da liberdade que o País nos anos 60 do século passado tanto andava carente.

O seu mais carismático poema, Pedra Filosofal, foi musicado por Manuel Freire, um autêntico hino à Liberdade que ainda hoje quando é ouvido é uma mensagem de esperança.


António Gedeão nasceu a 24 de Novembro de 1906, mantém-se “vivo” entre nós!

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?