Partilhar
sábado, fevereiro 03, 2007

coragem

Passaram mais de 30 anos sobre o acontecimento que aqui recordo. Não tinha sido ainda comemorado o primeiro aniversário do glorioso 25 de Abril de 1974 e a actividade política era febril. Reuniões e mais reuniões, debates de ideias, o traçar de objectivos para uma nova sociedade emergente da “revolução dos cravos”.

A residir à época em Agualva, concelho de Sintra, na área da Grande Lisboa, fazia deslocações frequentes a Belas, uma povoação do mesmo concelho, e a Lisboa onde reunia e aprendia com pessoas que há longos anos lutavam contra a ditadura, na senda de uma sociedade mais justa.

Um dia, para mim surpreendentemente, recebi a incumbência de dirigir os trabalhos de uma reunião plenária do distrito de Lisboa. O chão pareceu-me fugir debaixo dos pés nos meus inexperientes 31 anos de vida e muito poucos de militância política.

Aceitei. Não quis desdizer na confiança que em mim depositavam. Senti o amparo de muitos camaradas de luta, mais velhos e experientes, que me incentivaram a aceitar. “_Vais conseguir sair-te bem dessa tarefa! Estamos ao teu lado!”. Senti-me pequeno perante a dimensão da tarefa que me era atribuída.

No dia seguinte... tudo havia passado. Com a maior normalidade [julgo que com muita consideração dos meus camaradas pela minha inexperiência] foram ultrapassados os meus receios e a tarefa havia sido realizada e já nos preparávamos para as seguintes.

....................................................

Muitos anos passados...

Uma querida amiga, jovem de pouco mais de 26 anos, companheira de muitas caminhadas pelas veredas do sentir, sempre no objectivo de conseguirmos um mundo melhor, mais justo solidário e de Paz, recebeu a incumbência de dirigir um comício com a participação previsível de largas centenas de pessoas.

Tarefa enorme, aceitou-a com coragem. Rolaram-me lágrimas de alegria, de orgulho desmedido de merecer a amizade de uma pessoa assim. Sei que vais com o coração pequenino, mas que somente vais sentir as mãos húmidas nos primeiros minutos do acontecimento. O calor dos camaradas vai reconfortar-te.

Hoje, no meu cantinho, mesmo que encoberto por uma coluna do salão, vou transmitir-te a energia que a minha situação de ancião ainda permita. E vou sentir-me feliz por me quereres ter para teu amigo. Camarada!

Comments:
Quando se tem a essência,o ideal,o medo é passageiro,pois a energia prolifera,e muitos se juntam nessa corrente
Ligia
 
acho que senti a energia positiva, a minha missão não era assim tão importante.... mas acho que ate não correu mal, apesar de na primeira intervenção ter acelerado muito...

obrigado pelo apoio e pelo presente!

beijo muito grande
maçã de Junho
 
Querida Amiga Lígia. Essa é a realidade... temos forças e saberes insuspeitáveis. Beijinhos.
 
Querida Maçã de Junho. Foi óptima a tua intervenção e tudo é importante quando o objectivo é o de um colectivo. Que o singelo presente marca em ti essa data bonita. Beijinhos.
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?