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sexta-feira, fevereiro 09, 2007

frevo, hoje 100 anos

Comemora-se hoje o I Centenário do Frevo, dança e música tradicional pernambucana, vivida na sua total intensidade na época carnavalesca na maravilhosa cidade do Recife. O pessoal da Oficina das Ideias deixa aqui uma saudação especial à nossa querida Amiga Lualil que dedica o seu Traduzir-se... de hoje ao Frevo e transcrevemos um singelo conto do dia em que o Fotógrafo “caminhando calçada recifense acima” encontrou a Escritora no desfile do Frevo.


O Fotógrafo acordou cedo. Pode mesmo dizer-se que madrugou. A noite fora atravessada por muitos sonhos, sempre com o mesmo tema. O Fotógrafo voou, planou montanhas e mares, evitou obstáculos somente com um ligeiro impulso do seu corpo que se confundia com o voo das gaivotas, dos corvos do Pinhal dos Medos, das rolas imigradas da Turquia.

Acordou cedo e cedo se fez à calçada. Não seriam necessárias palavras nem combinações prévias. O Fotógrafo sempre encontrava a Escritora e sempre deambulavam parceiramente pela calçada. O Sol já levantara da linha do horizonte e já aquecia os corpos.

O Fotógrafo estranhou. Não encontrou a Escritora como era habitual. Rumou seus passos na direcção do mar. Caminhou para a zona portuária. A azáfama matinal distraiu seus pensamentos. Movimento intenso das cargas e descargas de abastecimentos para esta urbe imensa. O movimento portuário sempre o encantara.

As horas foram passando com uma lentidão nunca sentida quando a Escritora estava presente. É estranha a forma de sentir o tempo que passa, assunto que muito ocupou as conversas entre o Fotógrafo e a Escritora e que aquele agora bem sente no espírito e no corpo.

A temperatura elevada não travou os passos do Fotógrafo que num caminhar lento se foi aproximando na zona antiga da cidade. A quantidade de pessoas na rua aumentava a olhos vistos e o Fotógrafo sempre imaginava ver a silhueta inconfundível da Escritora no meio da populaça. Sempre concluía tratar-se de uma ilusão.

O Fotógrafo foi confrontado com a efervescência de uma grande massa popular movimentando-se num vai-e-vém contínuo e em diversas direcções [frevo]; uma autêntica confusão, movimento desordenado e desarrumado [maracatu] mas com grande animação que contagiou um pouco o Fotógrafo que procurava um rosto amigo no meio de tanta gente.

Passaram grupos de homens e mulheres, trajando vistosos cocares de penas de avestruz e pavão, com saia também de penas, trazendo adereços nos braços e tornozelos. Que desfile animado e que evoluções tão ricas executadas ao som dos estalidos secos das preacas. [caboclinhos]

O Fotógrafo estava deliciado com tamanha demonstração de vitalidade e de cultura popular. Por isso mesmo se sentia mais só. As explicações, o saber e o afecto da Escritora seriam fundamentais num momento como este.

De repente, o Fotógrafo temeu estar a ter uma nova miragem, era a Escritora que vinha alegremente integrada naquela alegoria carnavalesca. Agora sim, não havia dúvida. O Fotógrafo acenou-lhe alegremente. Trocaram um sorriso. O Fotógrafo, pouco depois, regressou ao seu quarto do hotel. Feliz por ter sentido a Escritora plena de Felicidade.

Comments:
Victor meu querido..
A alegria nos olhos da escritora ao avistar no meio de toda essa gente seu amigo e querido fotógrafo fez brilhar todo o carnaval desta cidade.. a escritora seguiu com um sorriso especial e uma alegria contagiante.
beijos grandes
 
Doce Lualil. O Fotógrafo e a Escritora sempre encontram uma forma diferente de se comunicarem... a cumplicidade está sempre presente. Beijinhos.
 
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