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quinta-feira, fevereiro 15, 2007

o ovo ou a galinha?

Terminei há pouco a leitura de um longo romance de quinhentas e setenta e quatro páginas. Depois de assumir e interiorizar o seu conteúdo sobrou-me a dúvida se, na realidade, existiria um tempo para dar a sua leitura por concluída. Por essa razão assumi o final da leitura do romance a páginas quinhentas e setenta, deixando as restantes a título de bibliografia e agradecimentos do autor.

Eu diria que a leitura das primeiras duzentas e oitenta e sete páginas, metade do livro, foram feitas a um ritmo impressionante. Daí em diante vi-me confrontado com uma leitura a um ritmo que implicava que o tempo de leitura tendesse para o infinito.

Fique claro que nada disto tem a ver quer com o interesse do conteúdo do livro, quer com o estilo de escrita do autor. Quanto ao conteúdo, trata de um problema que a todos nós preocupa, embora nunca aflorado desta forma pelo autor: “quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?”

Quanto ao estilo de escrita, é uma escrita escorreita, sem recurso a palavras de consulta obrigatória a dicionário nem de conceitos parabólicos e complicados como os relógios de marca de última geração. Escrita de fácil leitura e melhor compreensão.

Contudo, quando a nossa leitura chega bem para lá da metade do livro encontramos a referência ao Paradoxo de Zenão que nos faz luz sobre a razão de a nossa leitura, a partir de certa altura, parecer tão lenta no tempo que passa.

“Aquiles, símbolo da força e da agilidade, corre para apanhar uma tartaruga, símbolo da lentidão, que se afasta dele. Mas quando chega ao lugar onde estava a tartaruga já ela não está lá porque avançou para um ponto mais adiante ; quando Aquiles chegar a este novo ponto já a tartaruga andou um pouco mais e assim sucessivamente, vemos que Aquiles nunca pode atingir a tartaruga, ao contrário do que sabemos que acontece”.

Condicionado sobre todas estas situações lá cheguei à leitura do aforismo de Lau Tzu:


“No fim do silêncio está a resposta
No fim dos nossos dias está a morte
No fim da nossa vida, um novo início.”


E da mesma forma conclui o autor: “Um novo início.”

Não sendo crítico literário, nem tão pouco um leitor qualificado não posso deixar de recomendar vivamente a leitura deste romance que agora vou arrumar na minha modesta estante.


A Fórmula de Deus, de José Rodrigues dos Santos, 574 páginas, editora Gradiva, 6ª edição, Novembro de 2006, ISBN 989-616-139-9

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