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quarta-feira, março 28, 2007

o pinhal da aroeira

dizedor de estórias
Aqui e acolá pedem-me para contar uma estória a propósito de uma data, de um acontecimento, de um local ou das gentes que aí habitam. Estórias curtas que recordam tempos passados, tal como os mais antigos ainda têm na memória



Comemora-se o 14º Aniversário da Associação de Moradores da Aroeira, dinâmica associação implantada numa zona de grande desenvolvimento demográfico, onde se justifica uma importante intervenção cívica que pode, e deve, congregar-se ao redor do associativismo. [28 de Março de 2007]

Oportunidade para dizer algo que os antigos recordam dessa zona, hoje urbana, outrora mata e pinhal. Contam os mais antigos:

“Na Charneca de Caparica, para sul do Marco Cabaço, as terras eram arenosas e praticamente intransitáveis. A cobertura botânica era constituída por mato e outras plantas arbustivas, como seja a aroeira que deu nome à zona, por pinheiros bravos e mansos e por amplas zonas de juncal.

A Mata dos Medos, também conhecida por Pinhal do Rei, o plantio de pinheiros teria sido mandado fazer pelo Rei D. João V, por forma a “segurar” as areias em movimento, era lugar de difícil acessibilidade onde se acoitavam bandidos e outros foragidos da lei. A própria Guarda tinha dificuldade em entrar nas zonas mais recônditas do pinhal.

Esta mancha verde, autêntico pulmão com que a Natureza brindara a Margem Sul do Tejo, prolongava-se para lá da Lagoa de Albufeira, na direcção de Sesimbra e do Cabo Espichel, pelas Herdades da Aroeira e da Apostiça.

Contam os mais antigos que depois do pôr-do-sol somente entrariam no Pinhal do Rei aqueles que, pela confiança que neles tinham os foragidos, possuíssem o chamado “salvo conduto de palavra”, senha e contra-senha que deveria ser dita a quem interpelasse os forasteiros.

Também havia um dia determinado da semana, a terça-feira, em que era permitido ao Povo, a viver em profunda penúria, colherem lenha da mata nacional, lenha seca sem magoar os pinheiros, para ser utilizada para as lareiras e para o “fogo de cozinhar”.

No tempo das pinhas, aproveitava o Povo esse dia para colher pinhas que, vendidas para Lisboa, representavam um acrescento aos seus parcos rendimentos.”

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