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domingo, março 11, 2007

o pinhal do rei de outros tempos

Contam os mais antigos que na Mata dos Medos que outrora foi lugar de acoitar criminosos, ladrões e outros foragidos da lei, ninguém se atrevia a entrar após o pôr-do-sol. Somente algumas pessoas possuíam um “salvo conduto de palavra”, uma espécie de senha e contra-senha que lhes permitia atravessar o Pinhal do Rei sem serem incomodados e a salvo.

O Pinhal do Rei, designação pela qual é muitas vezes referida a mata dos Medos, desde sempre mata nacional era, principalmente, zona de pinheiros mansos e bravos e de diversos arbustos autóctones, como é o caso da aroeira. Vastas zonas de juncal tornavam perigosa a sua utilização por quem não conhecesse bem os trilhos e os caminhos.

Era no Pinhal do Rei que o Povo se abastecia de lenha para cozinhar e para se aquecer em tempos de invernia, encontrando-se o seu acesso restrito às terças-feiras, cuja transgressão estava sujeita a uma de coima de cinco tostões, valor elevado para a época e para a penúria das gentes. Eram conhecidos, ao tempo, os guardas florestais Ti Manel Guarda e o Francisco Papa-Léguas. O primeiro, filho da Charneca (sogro do Alvarez) sempre fechava os olhos a alguma transgressão, o que já não acontecia com o último sempre pronto a aplicar as coimas.

Às terças-feiras toda a família ia para o pinhal apanhar lenha para a semana, somente os troncos e pernadas secas. Na época das pinhas (de pinheiro manso) a azáfama era redobrada, pois encontravam nos pinhões que delas retiravam um complemento importante no rendimento familiar com a sua venda no Mercado da Ribeira, em Lisboa, juntamente com os mimos que obtinham da terra.

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