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sexta-feira, junho 22, 2007

dia do relógio de sol

Ontem foi o Dia do Relógio de Sol

Coincidindo com o Solstício de Verão no hemisfério norte celebrou-se ontem o Dia do Relógio de Sol.

O relógio de sol é o único instrumento que lê o tempo, é um património cultural e científico em todo o mundo, um instrumento lúdico e didáctico para o ensino, nomeadamente da matemática, história e geometria”, palavras de Vítor Sampaio Melo, do Quadrante Solar.

O Relógio de Sol tem a sua origem numa estaca espetada no solo, designada gnómon, que por efeito da luz solar projecta uma sombra no chão, que se movimenta no sentido inverso ao do movimento aparente do Astro-Rei. A partir desta observação simples foi possível ao Homem primitivo distinguir a manhã da tarde e dividir o tempo.

Actualmente, o relógio de sol continua a ser o único que lê o tempo e pelo qual se regem os relógios atómicos - em Portugal é o do Observatório Astronómico de Lisboa - que servem para acertar todos os outros.

Ainda nas palavras de Vítor Sampaio Melo “O relógio mecânico foi inventado para guardar a hora do sol, mas não substitui o relógio de sol, porque é sempre por este que se acerta”. Segundo Sampaio Melo, o relógio atómico é o mais exacto dos relógios modernos, mas até este se pode atrasar e é sempre pelo do sol que se volta a acertar.

Além da sua importância enquanto instrumento único de leitura do tempo, o Relógio de Sol é, na sua concepção e simbolismo, parte integrante do património imaterial da Humanidade.

O mais antigo Relógio de Sol datado existente em Portugal é o que se encontra no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, está assinado com “FPL 1586”, muito embora os mais antigos Relógios de Sol existentes em Portugal remontem à época do Império Romano, tendo encontrado uma referência, posta em causa por quem sabe, que um desses Relógios de Sol se encontra nas ruínas do Teatro Romano de Lisboa, nas imediações do Miradouro de Santa Luzia, ao cimo do Bairro de Alfama.

Outro relógio de sol romano foi encontrado nas escavações de uma vila romana, na Aroeira, mas não está patente ao público.

O terceiro mais antigo não chega a ser bem um relógio de sol, mas uma alegoria, com o formato de um relógio mas que não funciona, na porta de uma casa na cidade romana de Conímbriga. De acordo com o Instituto Quadrante Solar que tem procedido a um inventário exaustivo dos Relógios de Sol existentes em Portugal já totalizam cerca de 700 identificados, desde os de pedra, grandes, aos de bolso, muitos deles contendo divisas horárias «engraçadas» que os tornam mais originais.

Destas, Sampaio Melo do Quadrante Solar destacou uma que pode ser vista num relógio de sol numa vivenda do Bairro de Santa Cruz de Benfica e que diz «Para os amigos todas as horas são boas», ou outra no Alentejo, onde se lê «Não olhes muito para mim, que perdes o teu tempo».
Usando o movimento aparente do Sol em relação a Terra nós podemos obter um relógio e a primeira unidade de tempo, o dia. Para medir o ano os egípcios precisavam de um instrumento que medisse um intervalo de tempo.

Para medir a passagem do tempo um dos primeiros instrumentos que o Homem primitivo usou foi o movimento aparente dos corpos celestes, tais como o Sol, a Lua, os Planetas ou as Estrelas. O mais simples e o mais rápido dos movimentos que vemos é o do Sol.

E o que é que acontece? O Sol nasce pela manhã e sobe até o meio dia, altura em que se no ponto mais alto, e no final da tarde ele se põe. Quando o Sol se põe o céu escurece e dizemos que chegou a noite e, se não tivermos nuvens no céu, veremos as estrelas, os planetas, e às vezes a Lua. Depois o Sol nasce novamente, o dia fica claro e tudo se repete.

Para medir um intervalo de tempo a coisa mais importante é a repetição, é ela que nos permite usar este ou outro fenómeno como relógio. Sempre que o Sol nasce nós dizemos que começou um dia. Contando os dias podemos medir um intervalo de tempo. É assim que o movimento do Sol se tornou o nosso primeiro relógio.

Ainda me recordo dos tempos passados na aldeia de Fernandinho, no concelho de Torres Vedras, de que era o Sol, a hora do Sol, que comandava a vida das pessoas nos seus diários labores. O Sol marcava a hora de início dos trabalhos no campo, onde se trabalhava “de Sol a Sol”, e a hora do jantar, a que hoje chamamos almoço, ao meio-dia, solar claro está.

No Museu das Caldas da Rainha foi ontem inaugurada a exposição “As Sombras do Tempo”, onde foi apresentado o livro “Relógios de Sol”, de Nuno Crato, Suzana Metello de Nápoles e Fernando Correia de Oliveira, uma edição dos CTT Correios.

Exposição e livro a não perderem!

Contribuíram para este texto o Instituto de Investigação, Estudo e Divulgação do Quadrante Solar, Diário Digital / Lusa e Fernando Paixão, do Creative Commons.

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Comments:
Bom dia
afirma-se nesta sua notícia que “O relógio mecânico foi inventado para guardar a hora do sol, mas não substitui o relógio de sol, porque é sempre por este que se acerta”. Segundo Sampaio Melo, o relógio atómico é o mais exacto dos relógios modernos, mas até este se pode atrasar e é sempre pelo do sol que se volta a acertar.
Ora, passa-se exactamente o contrário - por a técnica e a ciência terem conseguido maneiras de medir de forma cada vez mais precisa o Tempo é que se deixou de utilizar a astronomia e o movimento aparente e real dos astros para fazer de "relógio". Um relógio atómico (de césio, actualmente), tem uma precisão tão grande que tem sido preciso acrescentar segundos aos anos civis, que têm uma duração errática e cada vez mais lenta. O tempo solar verdadiero tem oscilações ao longo do ano da ordem dos 14 minutos a menos e 16 a mais das 24 horas que se convencionaram como sendo as do "tempo solar médio".

permita-me que lhe envie o texto saído na rúbrica A Máquina do Tempo, no suplemento Casual, do Semanário Económico, de 22 de Junho de 2007, e que aborda este tema:


GMT e UTC

Para os Antigos, o movimento real e aparente dos astros serviu para medir e marcar o tempo e todos os calendários têm uma base astronómica. Era de tal forma previsível, perfeito, o bailado de estrelas, planetas e cometas, que se falava em Suprema Harmonia e se dizia que Deus era como que o Grande Relojoeiro, inventor e guardião da Mecânica Celeste.
Mas, por mais regular que pareça aos olhos dos humanos, e por melhor que tenha servido durante milénios ao seu dia-a-dia, sabe-se desde finais do século XVIII que essa mecânica celeste não é assim tão exacta. O Homem apercebeu-se das ligeiras discrepâncias nos ritmos astrais quando se muniu de medidores de tempo mais exactos do que eles – relógios de pêndulo muito sensíveis, termicamente compensados, os chamados reguladores, primeiro; os relógios eléctricos e depois atómicos, a seguir.
Assim, o Tempo do Homem passou a ser mais perfeito que os tempos dos Deuses.
Desde a Conferência de Washington, de 1884, que o Meridiano de Greenwich é o meridiano zero e desde essa altura que se foi globalizando o conceito de Greenwich Mean Time (Tempo Médio de Greenwich, GMT, ou TMG em português), o tempo de referência para todo o mundo, com o seu sistema de fusos horários, de 15 graus cada, 7,5 graus para cada lado do respectivo meridiano, e num total de 24.
Com o aparecimento dos relógios atómicos, em meados do século XX, chegou-se a uma definição muito mais exacta de Segundo, Hora, Dia, Ano e, num salto qualitativo, o Tempo deixou de ter a sua tradicional base astronómica, para passar a ser um assunto de laboratório.
Surge assim, em 1972, a nova noção de Tempo Universal Coordenado (Universal Time Coordinated, UTC), a partir de um Segundo padrão (definido em 1967) que já não era achado mediante a divisão da rotação da Terra, mas através de uma determinada frequência emitida por um cristal de césio.
O movimento da Terra sobre o seu eixo tem vindo a diminuir de velocidade ao longo da sua vida – o dia há milhões de anos era mais curto do que é hoje – e sofre outras irregularidades. Por outras palavras, o UTC começou a ganhar terreno ao GMT.
Mas, de tão perfeito que é, o UTC, puramente físico, tem que ser “acertado” regularmente em relação ao tempo astronómico em que continuamos a viver. Está convencionado que haverá um acrescento de um segundo ao UTC sempre que este tempo divirja mais do que 0,9 segundos do GMT (mais precisamente em relação ao Tempo Atómico Internacional, começado a contar em 1958, ininterruptamente, por uma rede de relógios atómicos). Foi por isso que 2005 teve um segundo a mais, acrescentado no final do ano.
Em termos de relojoaria, também o conceito GMT tem persistido em relação ao novo UTC e diz-se que um relógio tem função GMT quando indica, além do tempo principal, um ou mais tempos secundários, muito útil para quem está longe de casa, noutro fuso horário.

obrigado e ao dispor
fernando correia de oliveira
www.fernandocorreiadeoliveira.com
 
Gosto muito do seu modo, de descrever os fatos,e ainda relacionado com as fotos.TOda essa interação só trz crscimento
Ligia
 
Amigo Fernando
O pessoal desta modesta Oficina sente-se hontado com a sua visita.
O seu saber sobre esta matéria muito nos enriquece e aos nossos leitores.
Tomei a liberdade de puxar o seu excelente comentário para a ribalta da Oficina.
Um abraço.
 
Querida Lígia
A interacção entre a Oficina e os seus leitores e amigos é de tudo o mais importante. Obrigado pelo seu afecto.
Beijinho.
 
Tenho um lindo relogio de sol feito por Vitor Sampaio Melo.Gostei muito do artigo e do,comentário de Fernado Correia de oliveira.

http://vasco1.wordpress.com/
 
Amigo Vasco
Obrigado pelas suas palavras que são um incentivo para esta Oficina. O amigo Fernando C. Oliveira enriqueceu extraordinariamente este modesto trabalho.
Um abraço.
 
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