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sábado, junho 23, 2007

o maior encanto da blogoesfera...

Escrevemos e publicámos ontem um despretensioso texto alusivo ao Dia do Relógio de Sol e fomos hoje surpreendidos com um comentário vindo de um leitor que muito apreciamos pelo seu saber sobre este tema que apresenta um renovado interesse mesmo na população em geral: Fernando Correia de Oliveira, jornalista e investigador de temáticas relacionadas com o Oriente Extremo e que se tem dedicado na última década à investigação sobre a temática Tempo, Relojoaria e Mentalidades.

Foi co-autor da excelente obra “Relógios de Sol” que também referimos, publicada pelos CTT Correios e ainda no passado dia 21 de proferiu no Museu do Hospital e das Caldas, em Caldas da Rainha uma magnífica comunicação subordinada ao tema “Relógios de sol em Portugal – Um percurso histórico”.

Mas o comentário de Fernando Correia de Oliveira não é um simples parecer, é ele próprio uma lição de saber sobre o Tempo e os Relógios de Sol pelo que, com a devida vénia, atrevemo-nos a trazer à ribalta da Oficina das Ideias para uma maior partilha com os nossos fieis leitores.

Escreve Fernando Correia de Oliveira:

Bom dia
afirma-se nesta sua notícia que “O relógio mecânico foi inventado para guardar a hora do sol, mas não substitui o relógio de sol, porque é sempre por este que se acerta”. Segundo Sampaio Melo, o relógio atómico é o mais exacto dos relógios modernos, mas até este se pode atrasar e é sempre pelo do sol que se volta a acertar.
Ora, passa-se exactamente o contrário - por a técnica e a ciência terem conseguido maneiras de medir de forma cada vez mais precisa o Tempo é que se deixou de utilizar a astronomia e o movimento aparente e real dos astros para fazer de "relógio". Um relógio atómico (de césio, actualmente), tem uma precisão tão grande que tem sido preciso acrescentar segundos aos anos civis, que têm uma duração errática e cada vez mais lenta. O tempo solar verdadeiro tem oscilações ao longo do ano da ordem dos 14 minutos a menos e 16 a mais das 24 horas que se convencionaram como sendo as do "tempo solar médio".

Permita-me que lhe envie o texto saído na rubrica A Máquina do Tempo, no suplemento Casual, do Semanário Económico, de 22 de Junho de 2007, e que aborda este tema:


GMT e UTC
Para os Antigos, o movimento real e aparente dos astros serviu para medir e marcar o tempo e todos os calendários têm uma base astronómica. Era de tal forma previsível, perfeito, o bailado de estrelas, planetas e cometas, que se falava em Suprema Harmonia e se dizia que Deus era como que o Grande Relojoeiro, inventor e guardião da Mecânica Celeste.
Mas, por mais regular que pareça aos olhos dos humanos, e por melhor que tenha servido durante milénios ao seu dia-a-dia, sabe-se desde finais do século XVIII que essa mecânica celeste não é assim tão exacta. O Homem apercebeu-se das ligeiras discrepâncias nos ritmos astrais quando se muniu de medidores de tempo mais exactos do que eles – relógios de pêndulo muito sensíveis, termicamente compensados, os chamados reguladores, primeiro; os relógios eléctricos e depois atómicos, a seguir.
Assim, o Tempo do Homem passou a ser mais perfeito que os tempos dos Deuses.
Desde a Conferência de Washington, de 1884, que o Meridiano de Greenwich é o meridiano zero e desde essa altura que se foi globalizando o conceito de Greenwich Mean Time (Tempo Médio de Greenwich, GMT, ou TMG em português), o tempo de referência para todo o mundo, com o seu sistema de fusos horários, de 15 graus cada, 7,5 graus para cada lado do respectivo meridiano, e num total de 24.
Com o aparecimento dos relógios atómicos, em meados do século XX, chegou-se a uma definição muito mais exacta de Segundo, Hora, Dia, Ano e, num salto qualitativo, o Tempo deixou de ter a sua tradicional base astronómica, para passar a ser um assunto de laboratório.
Surge assim, em 1972, a nova noção de Tempo Universal Coordenado (Universal Time Coordinated, UTC), a partir de um Segundo padrão (definido em 1967) que já não era achado mediante a divisão da rotação da Terra, mas através de uma determinada frequência emitida por um cristal de césio.
O movimento da Terra sobre o seu eixo tem vindo a diminuir de velocidade ao longo da sua vida – o dia há milhões de anos era mais curto do que é hoje – e sofre outras irregularidades. Por outras palavras, o UTC começou a ganhar terreno ao GMT.
Mas, de tão perfeito que é, o UTC, puramente físico, tem que ser “acertado” regularmente em relação ao tempo astronómico em que continuamos a viver. Está convencionado que haverá um acrescento de um segundo ao UTC sempre que este tempo divirja mais do que 0,9 segundos do GMT (mais precisamente em relação ao Tempo Atómico Internacional, começado a contar em 1958, ininterruptamente, por uma rede de relógios atómicos). Foi por isso que 2005 teve um segundo a mais, acrescentado no final do ano.
Em termos de relojoaria, também o conceito GMT tem persistido em relação ao novo UTC e diz-se que um relógio tem função GMT quando indica, além do tempo principal, um ou mais tempos secundários, muito útil para quem está longe de casa, noutro fuso horário.

Obrigado e ao dispor
Fernando Correia de Oliveira
O pessoal da Oficina das Ideias é que lhe fica grato!

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Comments:
Relógios do Tempo -
( a Felix Carbajal )



O tempo é um rio caudaloso

Enxurradas e estiagens

Fazem as vezes do dia

Como o próprio firmamento



O rio faz doce concerto

Ao marinheiro pueril

Que tira de dentro do cio

Das águas

Seu alimento



Sandra Santos


fiz este poema em homenagem a um sábio senhor que viajou pelo mundo com seus relógios de sol...
 
Querida Gata
Vou tomar a liberdade de publicar este seu maravilhoso poema...
Beijinhos.
 
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