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sábado, novembro 10, 2007

de ma de ti de se

A artista Ivone Louro apresenta a sua exposição “de ma de ti de se” na galeria da Cooperativa Aldeia Lar, na Freguesia da Sobreda



Conheci a autora desta exposição na escrita, melhor numa arte mutante que poema sobre imagens ou que “imagina” sobre poemas? Encontrei-a em divagações na paleta dos cinzentos que muitos designam de paleta entre os extremos do preto e do branco como se estes de cores se tratassem.

Senti neste conhecimento que existia uma aberta e declarada confrontação entre as imagens e as palavras que parecia digladiar-se a cada momento. Então qual a razão do fluir destes foto-poemas ou destes poemas com imagens uma sensação de harmonia?

Havia que percorrer longo caminho para esclarecer, melhor para clarificar o desassossego que a audácia da Ivone em mim provocava.

Depois, conheci as suas palavras, em prosas feitas poemas, com que a Ivone ia exteriorizando os seus mais profundos sentimentos. Mas igualmente sonhos, ou seriam mesmo fantasmas (fantasias)?

Os conceitos de vida, de amores e de desamores, de quedas e de alevantamentos, que regista nos seus textos, diário sem dia nem ano, antes repertórios de memórias, são sublimes. Utiliza uma sequência de traços de sublinhar para unir (ou afastar?) pequenos pedaços de palavras. Utiliza o ponto final para dar continuidade ao discurso.

A linguagem é escorreita, simples, os conceitos emaranhados num novelo que quando se desembaraçam logo voltam a ficar presos numa teia que insiste em permanecer. Também na escrita tal como nas imagens poetadas sempre termina num vazio, comparado ao degustar de um vinho de excelência onde falta um “final de boca”.

Este vazio que sabia não poder existir, sentia-o, contudo, sem encontrar explicação para tal. O tempo que passa é um grande mestre. Continuei a ler os escritos que a Ivone decidia partilhar com os seus leitores. Continuei a maravilhar-me com os poemas “imaginados”.

A quatro dias da realização do evento que hoje aqui nos reúne a Ivone publicou um bonito texto onde se pode ler “...há um sentido subjacente em tudo o que escrevo. aquele que não é escrito. que se não lê. que fica sempre comigo porque fica por dizer...”.

Mas como só é verdadeiramente nosso aquilo que damos aos outros...

A Ivone brindou-nos com o “final de boca”...
Dos seus excelentes trabalhos em tons de cinza... com uma explosão de cor!
Dos seus textos belos e intimistas... com palavras simples que intitulam os quadros!

A Ivone escreveu também: “...quando termino de me desenlaçar dou por mim com outro fio preso na alma...”

Da mesma forma, quando julguei ter encontrado a explicação para as minhas interrogações, concluí que a cronologia que segui no conhecimento da Ivone como pessoa e como artista, das palavras e das imagens, não coincidia com a realidade e agora tenho que refazer este texto que convosco partilho para vos ler numa próxima oportunidade em que a Ivone nos volte a surpreender.

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Comments:
sem palavras porque é no silêncio das letras que me reencontro a nu...

e tenho medo muito
que me vistam de um azul qualquer
ou de um vermelho garrido
ou de um amarelo de luz
ou de um branco de cinza
que não os meus

mas repito o que já disse em público "tem gente nesta sala que me conhece faz imenso tempo e não me conhece como tu"
 
Querida Ivone
Foram momentos de magia pura...
Beijinhos.
 
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