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quinta-feira, fevereiro 07, 2008

que surpresa...

Para quem me visita com frequência na Oficina da Ideias é por demais conhecida a minha predilecção pelo British Bar, botequim mais do que centenário situado no torvelinho do Cais do Sodré. Por lá me tenho deliciado a tomar “um somente com gelo” na companhia do meu amigo Pedro, a dar dois dedos de cavaqueira e a sentir a aventura de me sentar na “mesa dos espiões”. Quantas vezes buscar inspiração na memória de José Cardoso Pires, um dos seus clientes habituais.

Sempre que escrevo sobre o British Bar revejo mais de 40 anos da minha vida pois por essa zona iniciei a minha actividade profissional e, curiosamente, aí trabalhei os últimos três anos antes de me reformar. Em muitas ocasiões, por tudo e por nada, fotografei o British Bar e as suas gentes.

Qual não foi a minha surpresa ao “descobrir” a publicação de uma fotografia do meu amigo Olho de Lince a acompanhar um poema sobre o British Bar, escrito por Jesús Jiménez Domínguez e publicado em 17 de Dezembro de 2007 no blogue Pandeoro, de Luisa Miñana e publicado no Afeganistão.

Aqui ficam a imagem e o poema publicados por Luisa Miñana:


Los Reloges del British Bar de Lisboa

En el British Bar los relojes giran al contrario
y Lisboa entera se sumerge como un nadador
que se aventurara de noche contra la corriente.
En el British Bar un exceso de alcohol y de tristeza
(ese clima mustio que aquí todo lo esponja o amortaja)
rebobina la sangre en las venas y al final, algo mareado,
pides la cuenta como quien pone cercas a la sed.
Y ves al camarero acudir y encallar en sus saudades
porque no le cuadran los números de la fatalidad:
el tiempo se le enreda sin remedio entre los dedos.

Y sales, salgo del British Bar como de una magia
y me hallo de repente en una calle desconocida
con cincuenta, cien años menos y el mundo cambiado
lo mismo que cambian los ojos de quien ve pasar un río.
Los tranvías retroceden a un pasado lento de calesas,
los plataneros menguan hasta ser semillas o sílabas de luz,
la lluvia se levanta de los charcos para caer hacia arriba
y los besos vuelven a sus bocas, y los poemas al silencio,
como al principio del mundo antes de ser mundo.

Y vuelvo sobre mis pasos hasta el barrio de Alfama
con las ropas holgadas como adjetivos excesivos.
Por el camino corro y pierdo los zapatos, me tropiezo.
Entro en la casa recóndita y al fondo del tiempo,
sobre los azulejos arruinados de otra época
están los relojes ardiendo, el humo volviendo sobre la llama
y mi madre destejiendo los puntos de nuestras vidas
para decirme en un portugués desdentado de 1755:
“Ágarrate, hijo mío, a las asas de la mañana:
ahora vamos a entrar en el terremoto”.


(Del libro "Fundido en negro", Jesús Jiménez Domínguez. DVD. 2007 -Premio de Poesía Hermanos Argensola 2007-); absolutamente recomendable.
La imágen del British Bar viene desde el blog Oficina das Ideias

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Comments:
Em pleno Cais do Sodré.
Conhecidíssimo e bem frequentado.

Os últimos anos da vida profissional do meu amigo Victor a serem passados ali, bem perto.
Rua do Alecrim, por aí.
Certo Victor?

Um abraço e que as boas recordações persistam ao longo dos tempos.
 
Falas da Lisboa que eu amo. Da velha e saudosa Lisboa das tertúlias dos poetas, dos escritores, dos homens da cultura que com um copo na mão estavam à conversa uma noite inteira. Falavam de coisas bem interessantes.

Quanto ao homem que escolhi para o meu post, suspeito agora de quem se trata. È lindo! Conta quem é, Víctor.
Beijinhossss
 
Pergunto-me... não nos teremos encontrado já a admirar aquele relógio?

Um beijo Querido Victor.
 
Amigo Observador
Os últimos três e os primeiros quatro. Rua do Ataíde, Rua das Flores... Conecei na "velha" Sacor e terminei na moderna Galp Energia... Muitas pessoas também mudaram nestes tempos que passaram. A minha luta do antes do 25 de Abril, manteve-se até hoje...
Um abraço.
 
Querida Sophiamar
É verdade quanto bom eram essas tertúlias. A Oficina das Ideias teve a sua génese no British Bar, embora somente dois anos depois tenha visto a luz da blogoesfera.
Quanto ao idoso de rugas profundas e boina preta é um velho pescador da Nazaré, que há muitos anos terá falecido. Essa imagem tem mais de 30 anos.
Beijinhos.
 
Querida Gasolina
Tenho a certeza que sim!!!! Tantos foram os olhares que naquele espaço se cruzaram.
Beijinhos.
 
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