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quinta-feira, abril 17, 2008

a chuva voltou a cair

A chuva voltou a cair, primeiro miudinha, “chuva de molha tolos”, depois em bátegas mais fortes, empurrada pelo vento que sopra de Sul, contra a vidraça num matraquear por vezes irritante de repetitivo que é.

Sempre que chove fico tristonho. Gosto de ver a chuva cair em dança ritmada ao sabor do vento. Gosto do cheiro da terra, telúrica transpiração, quando as primeiras chuvas caiem de mansinho. Mas, contudo, quando chove fico tristonho.

Lembro-me o tempo que passava quando criança a espera que o meu pai chegasse do trabalho. Parecia-me uma eternidade e ainda era mais dolorosa a espera em tempo de invernia. E eu ali de rosto esborrachado contra a vidraça da janela a esperar.

Os vultos a meios tons delineados pela chuva que caia pareciam-me fantasmagóricos. Amedrontavam-me, ficava tristonho e o meu pai tardava em chegar.

A minha mãe sempre me perguntava: “_Porque estás triste?” e a resposta era invariavelmente “_Á pá!” (como eu pretendia que me entendessem no “estou à espera do meu pai).

Por isso sempre fico tristonho quando chove vestindo os dias de primavera de trajes pardacentos, invernosos. Não é que eu desgoste de ver chover, mas que fico tristonho, lá isso fico.

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