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sexta-feira, maio 30, 2008

recordar a adraga dos anos 60

Ao princípio era apenas uma esplanada com tecto de canas, que atraía muita gente desejosa de ver a paisagem e de saborear os petiscos preparados pela avó Maria Libânia...”, é desta forma que na secção dedicada à restauração a revista VISÃO começa o texto de apresentação do restaurante DA ADRAGA.

Estrada abaixo, vindos de Cascais pelo caminho que ladeia o mar tão azul e tão belo, cujo declive se acentua depois de passarmos o Pé da Serra (Serra de Sintra, claro) foi um desenrolar de recordações. Aqui à direita, no Penedo, contactei seres vindos de outros mundos, aqui à esquerda tinha o Carlos Viseu o seu atelier de ceramista, aqui era o restaurante do Zézinho e acolá o quartel dos bombeiros voluntários.

Recordações de quase quarenta anos passados, tempos de despreocupação dos tenros vinte e poucos anos, da companhia sempre presente da avó Esménia, daquele grupo que especialmente no Verão, mas muitos de nós durante todo o ano aqui construíamos amizade, melhor, Amizade. Os nomes tardavam em chegar ao consciente por tantas vidas andadas e sentidas.

O apelo foi fortíssimo. Tão forte que a muita hesitação, o temor das surpresas de modificações produzidas pelo rolar de tantos anos, foram vencidos pela vontade inquebrável de procurar os nomes e as pessoas que esses nomes incorporam. E procurar nos rostos linhas que recordem imagens há muito adormecidas.

A revista VISÃO refere também sobre o restaurante DA ADRAGA: “...recebe muitas pessoas ao longo de todo o ano e mantém a tradição dos petiscos, igualmente bem confeccionados pela neta da fundadora, Suzete Torres...”. Suzete era um nome que faz parte do meu imaginário de frequentador assíduo da Praia da Adraga, com casa posta na então aldeia de Almoçageme.

Sentados numa mesa bem junto à ampla vidraça que dá para a praia ia recordando: Ali quase que me afoguei juntamente com o meu amigo Julião antiquário, não fora a intervenção empenhada do banheiro; deste lado, com a maré baixa, dava para passar para o outro lado, para a Praia do Cavalo, donde deveríamos regressar antes da maré ficar cheia; E por aquelas escadas subíamos até ao topo da falésia para depois caminharmos até à direcção da Praia da Ursa.

O repasto foi do melhor: Amêijoas à Dona Suzete (com camarão), Chocos grelhados (muito frescos) e como sobremesa Leite Creme (queimado ao momento) e um delicioso Bolo de Chocolate. Quando perguntei ao empregado (vim depois a saber ser bisneto da Dona Libânia) se o restaurante ainda era da família do Senhor Lourenço, filho da Dona Libânia, logo me disse que SIM, que o Senhor Lourenço ainda era vivo com oitenta e muitos anos e que me não fosse embora sem falar com a sua mãe, a Suzete.

As linhas do rosto, mesmo quase quarenta anos depois, começaram a suavizar-se deixando ver a imagem do antigamente...

_Estou a reconhecer-te, pela expressão, pelos olhos, pelo sorriso...
_Também eu Suzete... é claro que estão no teu rosto todos os sentires de então...

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Comments:
Víctor

Acabei de lágrimas nos olhos.Que história tão bem contada! Verdadeira! Recordar é viver, é reviver e nós voltamos aos vinte anos.
Não posso esquecer-me de passar por aqui.
Deixo-te beijinhos enquanto uma lágrima rola e relembro a ilha de Faro na mesma altura.

Bem hajas!

Tem um bom fim de semana!
 
Que bonito Victor...obrigado por partilhares...
 
Querida Sophiamar
Sabes? Eu príoprio sinto esta memória com emoção e a tal lagrimita. Faz muito bem recordar momentos felizes e despreocupados.
Também tenho recordações da Ilha de Faro nos princípios dos anos 70 do século passado. Boas recordações.
Beijinhos.
 
Querida Amigona
São memórias de tanto encanto...
Beijinhos.
 
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