terça-feira, setembro 02, 2008
moscatel de setúbal centenário
Comemora-se este ano, e muito em especial durante o mês de Setembro, o Centenário da Denominação de Origem do Moscatel de Setúbal. Uma data a assinalar na história deste maravilhoso vinho licoroso que muitos dizem ser “um monumento de arte agrícola e uma glória nacional” e que nós ousamos afirmar ser uma preciosidade de degustação caldeada num sistema climático único situado entre o Monte da Lua e o Promontório Barbárico.
Mas se se assinala uma data, um importante marco na vida deste vinho que sensibilizou o paladar da nobreza e do clero e que continua a satisfazer as papilas gustativas do “povão”, não deveremos olvidar que já no tempo do rei D. Dinis, cognominado o Lavrador por reais razões, o vinho licoroso de Setúbal era citado sempre que era editado um foral sobre a região. Aparece citado no foral do longínquo ano de 1186.
O Moscatel de Setúbal é um vinho licoroso, cuja graduação alcoólica varia entre os 18 e 20 graus, sendo preparado na região demarcada que se centra no termo de Azeitão, donde têm origem as uvas que lhe servem de base.
Os vinhos mais jovens, engarrafados após permanecerem cerca de cinco anos em cascos de madeira, apresentam uma cor alaranjada raiada de ocre e um sabor com notas adocicadas a moscatel. Com 20 ou mais anos de reserva na madeira ganham em cor, mais profunda e intensa, prevalecendo os aromas a laranja, amêndoas e flores silvestres.
Existem dois tipos de Moscatel de Setúbal, o branco e o roxo, elaborados, respectivamente, a partir das castas Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo.
A área geográfica correspondente à Denominação de Origem "Setúbal" abrange os concelhos de Palmela, Setúbal e parte da freguesia de Nossa Senhora do Castelo, do concelho de Sesimbra.
Consoante o tempo de permanência na madeira, assim o Moscatel de Setúbal se torna mais raro e especial. Em primeiro lugar, situam-se os vinhos jovens, entre 5 e 10 anos de reserva em madeira; depois, com grande qualidade os que têm 20 anos de reserva; finalmente, os mais exclusivos, aqueles que permanecem 50 anos em reserva de envelhecimento.
Algumas raridades estão cotadas ao nível dos melhores vinhos do Mundo:
Vinho Moscatel de Setúbal 1934 - €299,50/75cl
Vinho Moscatel de Setúbal 1900 - €514,73/75cl
Vinho Moscatel de Setúbal “Trilogia” (1900 + 1934 + 1965) - €124,86/50cl
Numa das visitas que fizemos às adegas de José Maria da Fonseca, em Vila Nogueira de Azeitão, tivemos oportunidade de apreciar na cave designada Teares Velhos a forma cuidada e delicada como estagiam em envelhecimento os vinhos moscatéis e ouvir aí contar a história dos vinhos “Torna-Viagem” . Ou será lenda?
Contrariamente ao que acontecia com os outros vinhos que eram exportados em garrafas, o vinho moscatel era enviado para o Brasil, África e Índias acondicionado em cascos de carvalho. Nem sempre levava comprador certo mas era negociado, como era uso na época, à chegada ao porto de destino do navio que o transportava.
Acontece que nem sempre o comandante da embarcação conseguia negócio interessante ao ponto de alguns desses cascos voltarem para as adegas de Azeitão na viagem de regresso. Eram os vinhos de “Torna-Viagem” que pelos acontecimentos citados atravessavam nestas viagens duas vezes a linha do Equador. Além disso, eram sujeitos a diversas variações de temperatura e ao doce balançar, por vezes agreste, da navegação.
Numa ocasião, ao compararem o vinho viajado com aquele que sendo da mesma produção havia ficado na adega, verificaram que aquele apresentava características de aroma e sabor muito superiores. Ainda hoje as melhores colheitas de vinhos Moscatel de Setúbal e Moscatel de Setúbal Roxo são embarcados, normalmente no navio-escola Sagres para realizarem um estágio de cerca de cinco meses numa viagem de ida e volta com passagem pela linha do Equador.
Para saber mais:
Moscatel de Setúbal - Wikipedia
Roteiro Gastronómico de Portugal – Bar e Bebidas
O Setubalense
Vinhos Online.pt
Hipersur
Ruilindomenino, A Vida é um Jardim
Mas se se assinala uma data, um importante marco na vida deste vinho que sensibilizou o paladar da nobreza e do clero e que continua a satisfazer as papilas gustativas do “povão”, não deveremos olvidar que já no tempo do rei D. Dinis, cognominado o Lavrador por reais razões, o vinho licoroso de Setúbal era citado sempre que era editado um foral sobre a região. Aparece citado no foral do longínquo ano de 1186.
O Moscatel de Setúbal é um vinho licoroso, cuja graduação alcoólica varia entre os 18 e 20 graus, sendo preparado na região demarcada que se centra no termo de Azeitão, donde têm origem as uvas que lhe servem de base.
Os vinhos mais jovens, engarrafados após permanecerem cerca de cinco anos em cascos de madeira, apresentam uma cor alaranjada raiada de ocre e um sabor com notas adocicadas a moscatel. Com 20 ou mais anos de reserva na madeira ganham em cor, mais profunda e intensa, prevalecendo os aromas a laranja, amêndoas e flores silvestres.
Existem dois tipos de Moscatel de Setúbal, o branco e o roxo, elaborados, respectivamente, a partir das castas Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo.
A área geográfica correspondente à Denominação de Origem "Setúbal" abrange os concelhos de Palmela, Setúbal e parte da freguesia de Nossa Senhora do Castelo, do concelho de Sesimbra.
Consoante o tempo de permanência na madeira, assim o Moscatel de Setúbal se torna mais raro e especial. Em primeiro lugar, situam-se os vinhos jovens, entre 5 e 10 anos de reserva em madeira; depois, com grande qualidade os que têm 20 anos de reserva; finalmente, os mais exclusivos, aqueles que permanecem 50 anos em reserva de envelhecimento.
Algumas raridades estão cotadas ao nível dos melhores vinhos do Mundo:
Vinho Moscatel de Setúbal 1934 - €299,50/75cl
Vinho Moscatel de Setúbal 1900 - €514,73/75cl
Vinho Moscatel de Setúbal “Trilogia” (1900 + 1934 + 1965) - €124,86/50cl
Numa das visitas que fizemos às adegas de José Maria da Fonseca, em Vila Nogueira de Azeitão, tivemos oportunidade de apreciar na cave designada Teares Velhos a forma cuidada e delicada como estagiam em envelhecimento os vinhos moscatéis e ouvir aí contar a história dos vinhos “Torna-Viagem” . Ou será lenda?
Contrariamente ao que acontecia com os outros vinhos que eram exportados em garrafas, o vinho moscatel era enviado para o Brasil, África e Índias acondicionado em cascos de carvalho. Nem sempre levava comprador certo mas era negociado, como era uso na época, à chegada ao porto de destino do navio que o transportava.
Acontece que nem sempre o comandante da embarcação conseguia negócio interessante ao ponto de alguns desses cascos voltarem para as adegas de Azeitão na viagem de regresso. Eram os vinhos de “Torna-Viagem” que pelos acontecimentos citados atravessavam nestas viagens duas vezes a linha do Equador. Além disso, eram sujeitos a diversas variações de temperatura e ao doce balançar, por vezes agreste, da navegação.
Numa ocasião, ao compararem o vinho viajado com aquele que sendo da mesma produção havia ficado na adega, verificaram que aquele apresentava características de aroma e sabor muito superiores. Ainda hoje as melhores colheitas de vinhos Moscatel de Setúbal e Moscatel de Setúbal Roxo são embarcados, normalmente no navio-escola Sagres para realizarem um estágio de cerca de cinco meses numa viagem de ida e volta com passagem pela linha do Equador.
Para saber mais:
Moscatel de Setúbal - Wikipedia
Roteiro Gastronómico de Portugal – Bar e Bebidas
O Setubalense
Vinhos Online.pt
Hipersur
Ruilindomenino, A Vida é um Jardim
Etiquetas: moscatel de setúbal, sobre o vinho
